Peugeot 407 V6 2.7 HDi

Uma fasquia bem elevada!


JÁ A ACUSAR o peso dos anos dos anos da sua concepção — o espaço interior não é uma referência e o conforto, pelo menos nesta versão mais potente, não faz jus aos habituais padrões franceses — o Peugeot 407 mantêm-se mesmo assim como um dos mais bonitos e cativantes modelos do seu segmento. E esta versão equipada com um potente motor diesel e alvo de alguns pormenores exteriores, reforça ainda mais esse apelo visual.


DEFRONTAR-SE de igual com os pesos pesados do segmento, tradicionalmente modelos de origem alemã, nunca é tarefa fácil. A marca francesa usou como trunfos um desenho estético arrebatador — que ainda hoje se mantém pleno de actualidade —, mas as linhas esguias e os perfis baixos acabaram por ter como contraponto um espaço interior, nomeadamente na traseira, que, hoje, está aquém do que a sua classe exige. Outras vantagens eram o conforto tradicional das berlinas gaulesas, mas que, e com a ressalva de esta versão dispor de um motor pouco usual nos modelos à venda em Portugal e com capacidades dinâmicas acima dos modelos familiares, acabar por provocar uma certa fadiga após viagens mais prolongadas.

AS LINHAS agressivas, sem deixarem de lado a elegância, impõem o respeito e a personalidade que o cliente tradicional do segmento deseja; interiormente, os níveis de qualidade de construção e de materiais evoluíram, mas aqui e ali já se desejariam plásticos e revestimentos de melhor qualidade e de aspecto mais robusto. À frente do condutor, instrumentos e comandos surgem de forma lógica e intuitiva, dispondo a versão ensaiada de um lote de equipamento muito completo e recheado de itens como o sistema de navegação ou os estofos em pele por exemplo. A posição de condução é fácil de encontrar graças à regulação do respectivo banco — tal como o do passageiro —, mas o deficiente apoio lombar e a arquitectura larga e com pouco amparo lateral do encosto, é responsável por alguma fadiga do corpo.

A JÓIA DA COROA e o verdadeiro motivo deste ensaio é, no entanto, o fabuloso V6 que se esconde sob o capot. Este motor desenvolvido em parceria com o grupo Ford e também utilizado na versão coupé do 407, conferem-lhe características únicas e invejáveis que, desde logo, se adivinham nos 8,5 segundos necessários para cumprir os tradicionais 0 aos 100 km/h. Mas é importante destacar dois factores extra, o primeiro dos quais uma fabulosa caixa automática de seis relações com comando sequencial «Tiptronic system Porsche» — desta feita sem comandos no volante — que é uma das mais «suaves» e eficazes que já testei, sem os costumeiros soluços entre as passagens. O outro, são os consumos, pois em percurso misto e fazendo valer a sua capacidade de aceleração bastantes vezes, a média ficou pelos 7,5 litros, o que é de assinalar, pelo menos num V6.
Voltando ao desempenho da caixa, esta dispõe ainda de um modo Sport que «estica» o regime de cada relação, tal como a suspensão, com a mesma possibilidade de escolha e que aumentam ainda mais as suas capacidades dinâmicas.

PARA ALBERGAR este V6 construído em ferro fundido com grafite compactado para a redução do peso, os 407 Berlina e SW receberam um novo berço e uma nova suspensão que lhe permite anular as vibrações transmitidas à carroçaria a baixo regime. E isso foi realmente conseguido, pois o resultado é de uma extrema suavidade ao ralenti, enquanto a insonorização permite que se evidencie o seu trabalhar. A docilidade inicial de reacções desta versão, bem depressa dá lugar - quando a isso incentivada - a um comportamento ao nível de um desportivo, com toda a energia do motor - onde o fabuloso binário faz (toda) a diferença -, a encontrar a correspondente segurança das reacções em curva e a necessária estabilidade em velocidades mais elevadas.


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PREÇO, desde 55.000 euros MOTOR, 2720 cc, 204 cv às 4000 rpm, 440 Nm às 1900 rpm, 6 cilindros, 24 válvulas PRESTAÇÕES, 230 km/h CONSUMOS, 11,7/6,5/8,4 l (extra-urbano/combinado/urbano) EMISSÕES POLUENTES 223 g/km de CO2
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A VERSÃO mais adaptada à realidade portuguesa, será a dotada da nova motorização diesel de 1,6 l com 110 cv, proposta a partir de cerca de 31000 euros na versão de quatro portas.
Com este motor, encontramos carroçarias de quatro portas, Station (SW) e o belíssimo coupé. Cingindo-nos ao primeiro para referenciarmos o equipamento, para além da caixa de velocidades automática e da suspensão com amortecimento variável, encontramos o E.S.P. (Programa electrónico de estabilidade, com gestão integral de travagem roda por roda), airbags laterais e do tipo cortina dianteiros, airbag da coluna de direcção, alarme e travamento de segurança das portas, quatro vidros e retrovisores eléctricos com recolha, regulador e limitador de velocidade, rádio/CD com leitor de MP3 e comandos sob o volante, ar condicionado automático, bancos dianteiros aquecidos e com regulação eléctrica, acendimento automático dos faróis e limpa-vidros dianteiro automático com sensor de chuva, sensores traseiros de estacionamento, sensor de baixa pressão dos pneus ou furo e jantes em liga de 18 polegadas.


Resultado nos testes EuroNcap (2004):
http://www.euroncap.com/content/safety_ratings/details.php?id1=3&id2=189

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