Peugeot 407 Coupé V6 2.7 HDi



O Ferrari de Sochaux

O TÍTULO até pode ter o seu quê de exagero, quando se pensa na mítica e na noção de exclusividade que os veículos italianos transportam; mas quando olho para as linhas deste carro, independentemente do ângulo em que o faça, quanto mais aprecio o trabalho de estilo italiano que Pininfarina recria neste coupé, a partir da linha já de si bela e bem conseguida da berlina, é-me impossível não estabelecer comparações e recordar, aqui e ali, pormenores que me trazem à memória algumas das mais belas criações automóveis nascidas para lá dos Alpes, sejam elas proveniente dos lados de Maranello ou de outra marca igualmente mítica, a Maserati.

JÁ O ERA IGUALMENTE belo no 406, e o no 407 não foge à regra. A mesma silhueta de gota esguia que parece escapar-se na estrada com um deslizar felino, um perfil baixo, uma frente desportiva e imponente na sua entrada de ar, uma traseira profundamente sensual e tentadora. Desafiador, marcante, impossível não voltar o pescoço à sua passagem, uma das mais puras, belas e fluídas silhuetas, de uma elegância e dinamismo requintados; simultaneamente selvagem e provocador, contudo... delicado e refinado, de bom gosto, é assim que vejo e sinto este 407 coupé. Esta forma de carroçaria traz-lhe no entanto uma questão de habitabilidade traseira, dois lugares escassos no espaço para as pernas e nada convidativo para ocupantes altos, num carro na verdade construído para ser desfrutado a dois, num romance perfeito entre condutor e máquina.
O interior, igualmente tentador e envolvente, não somente no toque suave dos revestimentos, no fechar sólido das portas, no silêncio que reina entre o típico cheiro de estofos em couro. O banco do condutor dispõe de múltiplas regulações eléctricas, a coluna da direcção também e ajusta-se com um pequeno joystick. Torna-se fácil encontrar a melhor posição, a mais confortável para comungar do prazer que é sentir entre mãos um volante que responde com a ligeireza certa, ou para comandar o modo sequencial de uma caixa de seis velocidades que também pode ser automática e que ainda dispõe de um modo sport.

TALVEZ SEJA algo redutor referir o conforto quando se fala de modelos sob o signo do leão nascido na região francesa de Sochaux; mas torna-se imperioso fazê-lo pois trata-se de um desportivo e, quanto mais não fosse, de um modelo em que os mais de 200 cv disponíveis obrigam a maior rigor e firmeza da suspensão. Mais uma vez o construtor dá o exemplo de como isso é possível sem descurar as capacidades dinâmicas de um chassis bem nascido e que já se evidencia de forma positiva na berlina e na station wagon. No coupé a «quase» perfeição vai ainda mais longe, acasalando bem com a outra «jóia da coroa», o fabuloso V6 a gasóleo que se esconde sob o capot. Um bloco desenvolvido em parceria com o grupo Ford e que lhe confere características únicas e invejáveis, construído em ferro fundido com grafite compactado para a redução do peso. Com uma potência de não surpreende para um 2,7 litros, suave e enganadoramente dócil ao ralenti, com um ronronar manso nos baixos regimes, uma aparente pacatez que bem depressa dá lugar — quando a isso incentivado — a um comportamento ao nível de um desportivo, com toda a energia do motor e um fabuloso binário de 440 Nm a fazerem toda a diferença!

A FABULOSA caixa automática de seis relações com comando sequencial «Tiptronic system Porsche» não possui, desta feita, comandos no volante. Suave nas transferências de velocidade, equipa-a um sistema de reconhecimento das condições da estrada, da velocidade de rotação do volante e do tipo de condução, auto adaptando electronicamente as relações em função disso, tal como o faz em relação ao amortecimento da suspensão. Claro que uma condução mais activa é possível graças ao comando sequencial ou seleccionando o modo sport, sendo de realçar que, a par do prazer de utilização, proporciona um reduzido nível sonoro e consumos razoáveis, pois a média de ensaio em percurso misto e fazendo valer várias vezes a sua capacidade de aceleração, se ficou pelos 8 litros. O que é de assinalar num V6.
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PREÇO, desde 64.600 euros MOTOR, 2720 cc, 204 cv às 4000 rpm, 440 Nm às 1900 rpm, 6 cilindros, 24 válvulas PRESTAÇÕES, 230 km/h CONSUMOS, 11,9/6,5/8,5 l (extra-urbano/combinado/urbano) EMISSÕES POLUENTES 226 g/km de CO2
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AO CONTRÁRIO das restantes formas de carroçaria, o coupé é mais restrito na oferta de motores e níveis de equipamento.
Há dois blocos a gasolina — um quatro cilindros de 2,2 l e 160 cv de potência e um também V6 de 3,0 l com 210 cv — e, claro, o diesel ensaiado, sendo o primeiro da gama 407 a recebê-lo.
Com este motor, o nível de equipamento é único e extremamente rico. Contém, entre outros, para além da caixa de velocidades automática e da suspensão com amortecimento variável, o E.S.P. (Programa electrónico de estabilidade, com gestão integral de travagem roda por roda), airbags laterais e do tipo cortina dianteiros, airbag da coluna de direcção, sistema de navegação com ecrã a cores 16/9, alarme e travamento de segurança das portas, quatro vidros e retrovisores eléctricos com recolha, regulador e limitador de velocidade, rádio/CD com leitor de MP3, comandos sob o volante, carregador de 6 CDs no porta-bagagens e amplificador Hi-Fi JBL com 240 Watts, 8 canais, equalizador e 10 altifalantes, ar condicionado automático bi-zona com saída de ventilação traseira e porta luvas refrigerado, regulador e limitador de velocidade, computador de bordo, bancos dianteiros aquecidos e com regulação eléctrica, acendimento automático dos faróis e limpa-vidros dianteiro automático com sensor de chuva, faróis de xénon dianteiros direccionais, sensores traseiros e dianteiros de estacionamento, sensor de baixa pressão dos pneus ou furo, jantes em liga de 18 polegadas e muito mais...
Resultado nos testes EuroNcap (2005):

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