Chrysler Sebring 2.0 CRD


Europeizado


DECORRIA o ano de 1998, quando após uma secretíssima preparação, a Chrysler e a Daimler-Benz surpreendiam o mundo com o anúncio da maior fusão de sempre entre duas empresas. Contudo, é engraçado que só quando se encontra praticamente consumada a separação entre as marcas, os produtos mais recentes do construtor americano se aproximem do gosto dos consumidor típico europeu.

NÃO SÓ porque recorre a um bem mais desejado e económico motor a gasóleo, também porque em termos de linhas, qualidade e funcionalidade do interior, este Sebring acompanha em muito os habituais padrões europeus. A solução, no primeiro caso, passou pelo novel bloco de 2,0 l da alemã VW. Um certo arrojo estético, bem como o equilíbrio na concepção e nos acabamentos do habitáculo, fazem com que, digo e acredito, agrade à generalidade dos consumidores deste e do outro lado do Atlântico.

PARA COMEÇAR, se há factor bem conseguido é a sua personalidade, bem vincada nas linhas angulosas e viris, um pouco a exemplo do que acontece com o 300C. Embora menos imponente do que este, o Sebring (ou 200 C...) é dominado pela frente expressiva que se prolonga ao longo das linhas desportivas do capot. A forte inclinação do vidro traseiro quase disfarça o terceiro volume e, também aqui, o domínio é conseguido através de volumosas ópticas que «roubam» algum espaço à abertura do portão traseiro. Tenho neste caso que realçar positivamente o uso de amortecedores para sustentar a tampa da mala, ao invés das inestéticas e menos funcionais dobradiças em arco. Menos boa a forma pouco esquadrada do interior.

NUM CARRO americano, ainda que pensado também para a Europa, torna-se difícil fugir ao uso de revestimentos meramente plásticos, embora a zona superior do tablier seja suave ao tacto. É necessário explicar que o preço e o ciclo de vida temporal de um automóvel nos EUA são substancialmente inferiores, que as exigências e estratificação social dos consumidores nada têm a ver com os do Velho Continente, etc, etc, o que torna difícil a tarefa de conciliação de estilos num modelo tão generalista.
Sem complicações no que respeita à funcionalidade, o painel de bordo é simples e agradável. A disposição dos manómetros sob o volante é mesmo desportiva e há pormenores engraçados como o porta-copos refrigerar ou aquecer consoante as necessidades. Mesmo assim e dada a sua volumetria, este tablier talvez merecesse um melhor aproveitamento com a criação de pequenos espaços.

FACE à geração anterior, não é maior excepto na altura total. Esse facto permite-lhe uma melhor habitabilidade, naturalmente, mas também uma posição de condução não apenas confortável como com boa visibilidade.
Aliás, a superfície vidrada e os tons claros do interior contribuem para o habitáculo alegre e luminoso. Atrás viaja-se com um certo desafogo, mas o túnel central e o prolongamento da consola central retiram espaço às pernas do passageiro do meio. Já a capacidade da mala não impressiona — menos de 400 litros... —, tem o piso elevado e, como já escrevi, é irregular nas formas. E apenas alberga pneu de emergência.

COMEÇO a perder a conta ao número de vezes que falo deste motor! Seja em viaturas do grupo VW como, mais recentemente, no Dodge Caliber ou no Jeep Patriot, por exemplo.
A verdade é que a opção tem-se revelado uma das mais inteligentes. Aliás, vários outros construtores têm vindo a escolhê-lo, o que apenas prova a sua mais valia.
Neste caso, não apenas os carros do grupo americano beneficiam da imagem de qualidade atribuída ao construtor alemão, como o «casamento» evidencia um bom rendimento em matéria de desempenho e economia. Contudo, em relação aos modelos referidos, o Sebring acaba por ter prestações equiparáveis, em grande parte devido ao elevado peso do conjunto.

A FORMA da carroçaria também não apresenta um baixo coeficiente de penetração ao vento, ainda que, ao contrário do que costuma acontecer, a deslocação do mesmo sobre o Sebring não origine ruídos desagradáveis. Já o mesmo não posso apontar à insonorização em relação ao barulho do motor, mesmo assim perfeitamente suportável.
O que de melhor esta versão diesel proporciona — existem outras a gasolina, nos EUA e mesmo em alguns mercados europeus —, são claramente os consumos. Uma média ponderada abaixo dos 6,5 litros é boa e mesmo que as prestações apontadas pelo fabricante não impressionem, a verdade é que a caixa de seis velocidades, para além de precisa, tem um escalonamento que favorece bastante a agilidade inicial e as recuperações quando são realmente necessárias.


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PREÇO, desde 33 500 euros MOTOR, 1968 cc, 140 cv às 4000 rpm, 310 Nm às 1750 rpm, 16 V, turbo com geometria variável e intercooler, injector bomba electrónico PRESTAÇÕES, 201 km/h CONSUMOS, 8,2/5,1/6,2 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 170 g/km
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ALÉM da carroçaria e do motor, o Sebring 2.0 CRD apresenta um equipamento de entrada que inclui airbags frontais, laterais nos bancos da frente e de cortina frente e trás, ABS, controlo de tracção e programa de controlo de estabilidade desligável, faróis de nevoeiro, alarme, volante forrado a pele com comandos áudio, cruise control, ar condicionado automático, fecho central com comando, vidros e retrovisores eléctricos, banco do condutor com ajuste lombar e regulação eléctrica, portas copos aquecido/refrigerado, computador de bordo com bússola e temperatura, além de indicador da pressão de pneus. A isto é possível acrescentar o pack Limited que, entre outros itens, inclui bancos em pele, os da frente aquecidos e o traseiro rebatível 60/40, lava faróis, sistema de som com 276 watts e jantes de 18" por cerca de mais 3000 euros.

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