ENSAIO: TomTom GO 500

Uma interface simplificada, um design fino e elegante e maior precisão da navegação. Até 4 actualizações gratuitas anuais e conexão ao smartphone para permitir acesso a serviços de tráfego, igualmente gratuitos durante 3 meses após a activação. Possibilidade de visualização em três dimensões, para melhor percepção do terreno, e de ampliação ou redução de mapas com um simples gesto de dedos. Estas são as maiores novidades da nova linha Go da TomTom. Mas porque estes aparelhos representam um custo adicional e nem sempre acessível face à proliferação de smartphones com aplicações de navegação gratuitas, empresas como a TomTom viram-se obrigadas a rever procedimentos e disponibilizar serviços até aqui pagos. E também a distinguirem-se nas funções que são prestadas pelos novos aparelhos. Leia a seguir o mais completo ensaio alguma vez feito em Portugal a este género de dispositivos.

Com um TomTom Go 500 como fiel companheiro de férias, quer aprisionado ao vidro do automóvel como em algumas incursões a pé, andámos por estes dias a experimentar a nova linha de produtos deste (re)conhecido fabricante de equipamentos GPS e de software de navegação.
Portátil, apesar do ecrã de 5 polegadas e do aparelho não ser propriamente fino (cerca de 2 cm), ou leve (cerca de 230 gramas), a verdade é que se transporta comodamente num bolso. Além disso, completamente carregada, a bateria oferece autonomia para quase duas horas de funcionamento contínuo.
Contudo, aquilo que tentámos perceber ao longo dos dias de teste, são as razões que poderão levar um consumidor a pagar quase duzentos euros por este aparelho de GPS, quando os sistemas de navegação são cada vez mais vulgares em smartphones e algumas marcas automóveis até já os incluem em automóveis novos.



Questões práticas de fixação e ligação 

Depois de aferidas as dimensões, vamos começar pelo sistema de fixação ao vidro de automóvel, naturalmente feito através de ventosa.
Nota positiva para a fiabilidade da fixação, que aguentou dias de sol intenso e a humidade da noite sem se desprender.
O encaixe do dispositivo ao seu suporte é conseguido simplesmente através de um potente íman, que se mostrou sempre suficientemente forte para aguentar os impactos da estrada. Mesmo quando o piso era muito irregular.
Para retirá-lo do lugar basta puxá-lo do encaixe, surgindo de imediato no ecrã, se tal função estiver activada, a interrogação de suspensão ou de desligamento.
A ligação à corrente é conseguida através de um simples cabo que se liga a uma ficha micro USB na parte traseira do dispositivo. A outra ponta do cabo liga-se a uma tomada de isqueiro com saída USB, incluída no pacote. Desde modo, um mesmo cabo serve para a ligação de corrente ou para intercessão com o computador (para actualizações, por exemplo) ou, caso o automóvel disponha de porta USB, é possível utilizá-la para a ligação do TomTom Go 500.


Primeiras impressões

A primeira impressão agradável que se tem com este novo equipamento é o seu próprio revestimento. Com acabamento em cinza escuro a rodear o ecrã e plástico preto no restante invólucro, é agradável ao tacto e parece demonstrar alguma solidez.
Por razões óbvias, não foram feitos testes de queda…
Outra boa sensibilidade ao toque prende-se com o ecrã. Ela é muito boa, tanto à pressão como no que se refere à precisão. Isso contribui para uma programação ágil de novos destinos, introduzidos ou pesquisados em operações rápidas sobre uma tela com formato 16:9 e resolução de 480 x 272 pixels.
Além das funções normais de toque, passa a ser possível ampliar ou reduzir mapas com o simples operar de dois dedos, como acontece com a maioria dos smartphones e tablets. Mas isso só é permitido no modo de visualização de mapas em 2D. Para o 3D existem o sinal “+” e “-“ à esquerda do ecrã.
A primeira percepção sobre a nova interface de usuário é que ela proporciona menos sugestões e apresenta menos “ruído” visual. Sobre um fundo escuro, ficou mais sóbria e informativa, desejando, dessa forma, tornar mais simples e mais rápido o manuseamento das funções mais requisitadas.
Os pontos de interesse (POI) surgem agora em simultâneo com as pesquisas de localidade ou rua, ou podem ser introduzidos em vez desta última.

Interface nova

Ao contrário de equipamentos anteriores, a nova interface dispensa ícones complexos ou cores berrantes e funciona, como se disse, sobre um fundo escuro.
O menu principal ocupa apenas duas páginas, com comandos de acesso à pesquisa, à rota que está a ser seguida, ao “Percurso Actual”, “Aos Meus locais” (locais antecipadamente programados ou gravados, como a “Residência”), a zonas de estacionamento, a postos de abastecimento de combustível e ao serviço de tráfego com indicação de radares. Finalizam um ícone de acesso ao Sistema e outro de Ajuda.
Com isto, a TomTom quis assegurar aos utilizadores maior simplicidade de procedimentos. Mas também uma maior rapidez das pesquisas, num ambiente de trabalho que, como se disse, visa ser menos confuso e de percepção mais rápida.
Mas nem sempre assim acontece.
Nota positiva para o desenho do teclado, que reforça a agradabilidade de funcionamento do TomTom GO 500.
De menos positivo, o facto de, em dias de sol intenso ou a pique, dependendo também da inclinação do pára-brisas do automóvel (o teste decorreu em vários veículos), o ecrã brilhante do dispositivo poder produzir reflexos do interior do veículo (em alguns casos do próprio condutor).
Daqui resulta às vezes a correcta visualização do mapa. Esta contrariedade poderá ser atenuada com algum cuidado na escolha do local de fixação ao vidro do automóvel ou com a inclinação que é dada ao aparelho.
Por fim, mesmo não sendo facto novo, refira-se a possibilidade de escolher ou introduzir novas “vozes” que transmitem as indicações ou de desactivar, parcial ou totalmente, os diversos sons de aviso.


Programação intuitiva e com sugestiva

A programação do destino é, efectivamente, rápida e descomplicada.
Iniciada a introdução da localidade, várias opções começam a surgir numa zona inferior dividida a meio: do lado esquerdo as sugestões de local, do lado direito as sugestões de ruas ou de pontos de interesse (POI). Deste modo são feitas duas buscas em simultâneo, enquanto é introduzido o nome da região ou da localidade.
Regressando um pouco atrás, a partir do ícone de “Sistema” que se encontra na segunda página do ecrã inicial podemos escolher vários tipos de percurso: mais rápido, mais curto, mais ecológico, evitando auto estradas, percurso pedestre ou de bicicleta, com ou sem portagens, com possibilidade de transporte da viatura por barco ou por linha férrea ou evitando ainda estradas sem pavimento.
Independentemente de algumas destas funções estarem ou não activadas, em determinadas condições o sistema volta a interrogar o utilizador. É o caso das portagens ou de estradas sem pavimento, por exemplo.
Um pormenor muito importante em Portugal, durante o ensaio o sistema revelou-se sempre muito preciso a evitar as novas estradas com portagem electrónica, vulgo Scuts.
Durante a programação ou até mesmo durante o trajecto, é possível colocar um local de passagem adicional na rota do destino programado. Também é possível pesquisar na área de destino (ou de passagem), Pontos de Interesse ou serviços, como Hospitais, por exemplo.
Contudo, por mais que tivéssemos tentado, não foi possível alterar a morada de destino sem ser obrigatório voltar a introduzir novamente todos os dados. Exemplifiquemos: caso queira alterar, por exemplo, um número de porta mal introduzido, é necessário voltar a digitar a morada completa.
Depois de programado o destino, as indicações do caminho surgem de forma bastante clara e com suficiente antecipação. Convém, ainda assim, estar mais atento a algum atraso que possa existir em rotundas com muitas saídas, sobretudo se o tempo estiver bastante nublado. Isto deve-se ao facto da navegação ser feita com recurso às indicações fornecidas por satélites que se encontram algures no espaço.
Diversas informações são disponibilizadas em contínuo, como a distância a um cruzamento ou a uma curva mais exigente, o limite de velocidade no local e a velocidade real do veículo, sendo que esta última indicação varia de cor caso sejam superado os limites de velocidade.

Vantagens da conexão internet

Um dos grandes trunfos dos novos sistemas de navegação utilizados a partir dos smartphones com ligação à internet é a sua constante actualização e a possibilidade de efectuar pesquisas em tempo real.
O Google Maps tem evoluído bastante neste último aspecto, o que o torna num dos mais sérios concorrentes aos sistemas de navegação tradicionais. 
Por isso, o sistema de conexão Bluetooth dos novos aparelhos da série TomTom Go passa a oferecer um conjunto de vantagens, algumas das quais adicionais face aos equipamentos anteriores. De todas, as mais importantes são os serviços informativos de trânsito, de radares fixos de velocidade e a possibilidade de reportar alterações ou correcção de mapas.
Quando ligado a um smartphone, a coluna à direita do mapa de navegação irá proporcionar um conjunto de informações adicionais, como a presença de câmaras de velocidade ou dados de tráfego.
No caso das câmaras, algumas são indicadas mesmo sem necessidade de conexão ao smartphone. Num ou noutro caso, avisos visuais e sonoros podem surgir se a velocidade exceder o limite praticado no local.
Contudo, importa referir que o serviço de aviso de câmaras de radar fixas nem sempre funcionou em alguns túneis de Lisboa e, quando o fez, foi demasiado próximo do local em que se encontravam.
Quanto às indicações de tráfego, este último dado poderá fazer variar a hora prevista de chegada ao destino. Note-se que a informação da previsão de chegada é revelada mesmo que não conectado a um smartphone, simplesmente, no caso de estar, o tempo previsto de viagem passa a depender das indicações de trânsito que o aparelho possa receber. No caso de incidentes na estrada, o TomTom Go 500 sugere rotas alternativas para escapar a esse transtorno.
Além da necessidade de consumo de tráfego de dados do telemóvel do utilizador, a oferta do serviço radares de trânsito é de apenas três meses. Inclui a localização de cerca de 25 000 radares em toda a Europa e, após esse período, tem um custo anual de cerca de 30 euros.
Importa referir que não conseguimos ter uma opinião concreta quanto à validade do serviço de trânsito. Tão simplesmente porque, embora tivéssemos tentado emparelhar o aparelho com diversos telefones, ou tal não era possível (por não os reconhecer) ou porque não conseguimos autorizar a partilha de dados entre o terminal móvel e o TomTom Go 500.

Vale a pena comprar?

Esta é a grande questão.
Se o leitor for adepto dos sistemas tradicionais de GPS, sabe que os da TomTom são dos mais fiáveis do mercado e ainda hoje fornecem actualizações (pagas por assinatura) para os aparelhos mais antigos.
Em termos de utilização, depois de intuído o seu funcionamento, a nova série GO pode tornar-se mais simples de operar e a pesquisa parece ser feita de modo mais rápido e com oferta de mais sugestões.
Os novos aparelhos oferecem ainda um conjunto de funcionalidades inovadoras, como a visualização 3D. Contudo, esta só é realmente eficaz em grandes centros ou nas cidades mais importantes. Em Portugal não é visualizável em muitas regiões, mas acreditamos que as actualizações sucessivas de que venha a beneficiar aumentem o número de localidades com essa possibilidade. A visualização 3D introduzida nestes novos aparelhos não acontece por acaso ou é um pormenor despiciente; quem já utilizou o navegador do Google sabe que ele é capaz de proporcionar imagens reais graças ao sistema Maps.
Mais importante de tudo, esta nova linha de aparelhos permite até quatro actualizações gratuitas do sistema. Ou seja, passa a ser possível o download gratuito de até quatro actualizações por ano, recebendo actualizações da rede de estradas, moradas, Pontos de Interesse ou melhoramentos do software do aparelho.
Isto é algo de muito importante ao ritmo a que muda o sentido de trânsito de muitas estradas municipais ou urbanas ou que têm surgido, em Prtugal, novas variantes e outras vias. Essa actualização é mais rápida graças à possibilidade de partilha de informações entre os utilizadores e o serviço de elaboração de mapas da TomTom.
O sistema permite ainda ampliar a memória ou a visualização de imagens através de um cartão microSD, dispondo de porta para o efeito.
Atendendo a que os novos TomTom GO 400, 500 e 600 (diferindo principalmente no tamanho da tela, 4.3, 5 e 6 polegadas respectivamente) estão à venda por 179,95, 199,95 e 249,95 euros, o leitor deverá ponderar o investimento. Poderá adquiri-los online ou então em algumas das principais lojas de electrodomésticos ou acessórios de automóveis.
É altamente recomendável fazê-lo através desta última via. É que a TomTom não dispõe de lojas físicas em Portugal e quaisquer dúvidas são esclarecidas telefonicamente ou através da internet. Por isso, ao comprar num estabelecimento, poderá ser mais prático ou mais rápido o utilizador esclarecer alguma dúvida sobre o funcionamento ou programação do dispositivo.



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