Fórmula E: todos iguais, todos eléctricos

Quem disse um carro eléctrico não pode ser rápido ou proporcionar corridas empolgantes? A Fórmula E mostra o contrário e, na grelha de partida, há um português que já ganhou uma corrida.

Quando se fala em desporto automóvel ao mais alto nível, o mais natural será imaginar o Mundial de Ralis ou de Fórmula 1, com o típico roncar dos motores a cada aceleração ou travagem brusca antes da abordagem a uma curva apertada.

Acelerações e travagens, despiques e despistes em pista, também não faltam na Fórmula E.

A diferença está no ruído e nas emissões, neste caso, nulas.

A competição tem, aliás, regras semelhantes à F1 e já conquistou muitos pilotos com passagens por esta categoria ou por outras de igual dimensão mundial: Nelson Piquet Jr., Bruno Senna, Nick Heidfeld, Jarno Trulli, Takuma Sato, Stephane Sarrazin e Oriol Servia, por exemplo.

Entre os pilotos há também um português: António Félix da Costa, vencedor da quarta corrida da temporada, o Grande Prémio da Argentina disputado a 10 de Janeiro de 2015.

Félix da Costa venceu o mítico Grande Prémio de Macau em 2013 e conquistou a Taça Intercontinental Fia em Fórmula 3. Na altura, o hino posto a tocar pela organização do GP de Macau foi o australiano em vez da “Portuguesa”, obrigado elementos da equipa, fãs, amigos e familiares do piloto e ainda alguns espectadores a cantarem o hino português a plenos pulmões.

Veja AQUI o vídeo e a forma emocionada como o piloto reagiu ao momento.

Características da competição e dos carros


O campeonato começou em Setembro de 2014. O que o distingue das outras categorias é todos os monolugares em pista serem eléctricos e iguais para as dez equipas participantes.

O Spark-Renault SRT-01E é capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em apenas 3,0 seguros e de atingir os 220 km/h. Alguns dos construtores mais importantes do mundo estão envolvidos no projecto.

Incluindo alguns participantes no "Grande Circo", como vulgarmente é designada a Fórmula 1.

São os casos da Renault Sport, responsável pelo desenvolvimento do motor, da transmissão e da integração de todas as partes mecânicas, e da McLaren, a quem coube a concepção e o desenvolvimento da caixa sequncial de cinco velocidades, idêntica à que é utilizada pelo McLaren P1.

A Dallara constrói o chassis em fibra de carbono, enquanto a Williams fornece e administra as baterias. Os pneus, especificamente desenvolvidos para esta competição, estão a cargo da Michelin.

O sistema de pontuação é muito parecido ao da F1: 25 pontos para o vencedor da corrida, 18 para o segundo, 15 para o terceiro, 12 para o quarto, 10 para o quinto, 8 para o sexto, 6 para o sétimo, 4 para o oitavo, nono e 2 por 1 para o décimo. A “pole position” vale mais 3 pontos e o autor da volta mais rápida durante a corrida soma 2 pontos.

Cada piloto tem dois carros à disposição. Para obter a volta mais rápida deve escolher apenas um. Por questões de autonomia das baterias, durante a corrida pode trocar de carro nas boxes. Durante essa paragem para a troca de carros as equipas não podem mudar pneus (excepto em caso de furo) ou carregar as baterias.

Os pneus estão limitados a cinco jogos por prova. Contudo, pela primeira vez num campeonato de nível mundial de monolugares, os conjuntos de pneus que equipam os carros devem ser os mesmos durante os treinos livres, as sessões de classificação e a própria corrida. Independentemente das condições meteorológicas.

Por isso, cada Michelin Pilot Sport EV de 18 polegadas é desenvolvido para ser eficiente em matéria energética, mas também aderente, multifacetado e duradouro. Cada pneu incorpora um chip RFID (dispositivo de identificação por radiofrequência, nas suas siglas em inglês), que recolhe dados e envia para análise, de forma a melhorar cada um destes aspectos.

O campeonato de Fórmula E começou no dia 13 de Setembro de 2014, em Pequim, e termina a 27 de Junho em Londres. As corridas decorrem em 10 cidades de todo o mundo e as pistas são circuitos de rua com 2,5 a 3 km de extensão.

O objectivo desta competição regida pela FIA (Federação internacional que regula o desporto automóvel) é estimular o desenvolvimento de energias alternativas.

Os actuais monolugares de F1 já utilizam sistemas de recuperação e regeneração de energia, além de sistemas híbridos de propulsão que permitem um aumento significativo da potência utilizado, por exemplo, durante as ultrapassagens.

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