
HISTÓRIA: Mini e Sir Alec Issigonis

Multiusos
Definitivamente uma das propostas mais engraçadas e funcionais do seu
género. Se a habitabilidade é uma das suas valências principais, já a
inesperada estabilidade em estrada constitui um trunfo deveras
importante
Muitos carros com este formato – não muito grandes nem pesados e com
carroçarias mais altas — costumam sofrer, em velocidade, de alguma
falta de estabilidade que se reflecte sobre a direcção, obrigando o
condutor a permanentes correcções na trajectória.
É um facto que não foram concebidos para grandes rasgos de condução e
até mesmo este C3 Picasso requer atenção em curvas mais acentuadas. Na
maioria das vezes nem é a segurança que está em causa; simplesmente,
por causa do centro de gravidade e da posição de condução mais
elevados, a sensação de adorno da carroçaria é acentuada.
Após alguns dias de o ter provocado, a sensação que me deixou é a de
que, nesse campo, oferece um comportamento melhor do que seria de
supor num carro com perfil aerodinâmico anunciado de quase 0,31 cx! E
se alguma vez sensibilidade ao vento mostrou, foi apenas a circular
numa das pontes que liga Lisboa ao Sul.
De dentro para fora
O Citroën C3 Picasso parece um carro construído ao contrário: de
dentro para fora. Se assim foi, o que se pretendia e se conseguiu
obter, foi mais espaço e funcionalidade. Geralmente, quando isso
acontece, nem sempre o resultado exterior é o mais interessante. Não é
o caso do C3 Picasso, que além de jovial e descontraído, dispõe de
muitos pormenores que lhe dão imensa graça e dificilmente o fazem
passar despercebido.
O interior é inovador, alegre e quem gosta de pequenos espaços
certamente não ficará desiludido. O habitáculo oferece bastantes –
entre os bancos não é o mais funcional e, dependendo dos objectos, os
que forem colocados sobre o tablier podem saltitar e incomodar em
andamento –, os forros das portas são amplos, de lado, nos bancos
dianteiros, existem mais e há tabuleiros retráteis a servir os lugares
traseiros. Até mesmo os 385 litros de capacidade total da mala são
bons (ampliáveis a 500 l já que o banco traseiro corre
longitudinalmente sobre calhas), existindo um fundo duplo sobre um
pneu fino de emergência.
Os lugares traseiros transportam sem dificuldade 3 passageiros.
Equilibrado
Referida a versatilidade e abordado o bom comportamento em curva,
resta dizer que embora disponha de uma suspensão mais firme, nem por
causa disso o conforto é grandemente prejudicado. Relativamente bem
insonorizado face ao ruído do motor e apenas deixando pressentir algum
do efeito do vento sobre a parte frontal – e apenas quando em
velocidade –, o C3 Picasso apresenta uma mais do que razoável
capacidade de amortecimento em mau piso. Nessas circunstâncias o que
mais me desagradou foi um ruído proveniente dos encaixes dos plásticos
que revestem e compõem a parte central do painel de bordo, onde se
agrupam um conjunto de informações digitais provenientes do
velocímetro, do computador de bordo e sistema áudio, entre outros.
Uma posição de condução elevada e um manípulo da caixa bem próximo do
volante, não só ajudam a tornar cómodo o acto de o dirigir, como
melhoram a própria visibilidade, sobre os comandos e para o exterior.
90 cavalos são suficientes para a agilidade e poder de manobra em
cidade, e até mesmo em estrada, onde em velocidade e sem carga, se
permite a andamentos e recuperações que surpreendem. Com mais peso e
em percursos mais íngremes poderá revelar maiores limitações, em todo
o caso, o que com esta versão seguramente se pretende, é acima de tudo
versatilidade de uso e economia: mais no preço de custo (cerca de 2500
euros a menos no correspondente nível de equipamento face ao mesmo
motor com 110 cv), do que nos consumos que não sofrem um acréscimo
significativo.
PREÇO, desde 20 335 euros MOTOR, 1560 cc, 16 V, 90 cv às 4000 rpm.,
215 Nm às 1750 rpm CONSUMOS, 6,1/4,1/4,8 l (cidade/estrada/misto)
EMISSÕES POLUENTES 128 g/km de CO2
Do que é que elas gostam?
O que é que as mulheres realmente apreciam num automóvel? A pergunta pode
até parecer subjectiva, mas trata-se de uma realidade cada vez mais
tida em conta pela maioria dos construtores mundiais
Afinal, por que assim é? Não só pelo crescente número de condutoras,
como também porque, cada vez mais informadas, a elas caber o poder de
decisão ou, quanto mais não seja, o de veto na compra de uma
determinada viatura para a família.
Não adianta esconder uma verdade: quantos homens são capazes de ir
contra a opinião da companheira no momento da compra?
Atentos a tudo isto, que os fabricantes têm dedicado especial
atenção a pormenores como a ergonomia do interior, nomeadamente na
facilidade de conduzir com sapatos de salto alto, na multiplicação de
espaços para a arrumação de pequenos objectos, mas também a detalhes
tão simples como a colocação de espelho na pala do sol do lado do
condutor. Outros, inclusive, foram mais longe: criaram tecido especial
no revestimento dos bancos para não desfiar meias e até fechos de
portas foram especificamente projectados para não quebrarem unhas!
Marketing ataca
Depois, vem a parte comercial da questão: publicidade especialmente
dirigida a mulheres. Num aspecto porque determinado modelo reúne, à
partida, características que lhes podem agradar enquanto condutoras.
Nas versões familiares, o acesso e a facilidade de colocar ou prender
uma cadeira de criança, de transportar as compras sem risco, questões
de segurança, mobilidade, etc. O que não significa que muitos homens
não dêem tenham apreço por algumas destas características, atenção!
Daí que nos anúncios, a habitual modelo, sedutoramente sentada ou
deitada num automóvel, em claro piscar de olhos ao consumidor
masculino, deu gradualmente lugar a uma mulher moderna, decidida,
profissional ou mãe dedicada e preocupada, que releva aspectos mais
práticos como a ergonomia do interior, a facilidade de condução e a
segurança. Claro está que também à beleza e ao equilíbrio das linhas,
porque, obviamente, isso não as torna indiferentes à parte estética!
Alguns tipos de carro encontraram no público feminino bastante
aceitação. É o caso dos chamados SUV, abreviatura de Sport Utility
Vehicle. A ideia dos construtores, ao criar esta forma de automóvel,
foi a de proporcionar carros mais confortáveis e mais fáceis de
conduzir do que os tradicionais jipes, com algumas (limitadas)
características de um todo-o-terreno. Mas a ideia de segurança que
advém da maior altura em relação ao solo e das próprias
características do carro, aliadas ao espaço interior e à maior
facilidade de condução, tornam-no bastante apreciado pelo sexo
feminino. No fundo, a sensação de olhar de cima os outros condutores
também não lhes desagrada...
Na maioria os homens, velocidade significa liberdade. Principia aí a
paixão masculina pelos carros. No fundo, o carro significa a ideia de
evasão e de conquista. Perigosamente, existem mesmo os que se
consideram invencíveis ao volante!
Para as mulheres, ainda que a ideia de evasão não lhes seja
indiferente, o carro raramente adquire idêntica importância. São em
geral condutoras mais cautelosas e as companhias de seguro sabem-no
bem, oferecendo-lhes bónus. Ao contrário de muitos homens, não
utilizam o automóvel para projectar a sua personalidade. Mas não
deixam de a vincar na escolha de um determinado carro; simplesmente
usam de um sentido muito mais prático, sensato e menos ostensivo. São
mais subtis. É tudo afinal uma questão de inteligência ou
sensibilidade... feminina.