ENSAIO: Mercedes-Benz B 180 CDI

A resposta à pergunta “que carro é o B?” só pode ser uma, concisa e, no entanto, abrangente: é um Mercedes! Talvez não tenha a forma clássica que se associa aos modelos mais distintos da marca, mas a sua presença pressente-se na qualidade sólida do conjunto, no critério de escolha dos materiais, no conforto e, não menos importante, na imagem que transmite.
m construtor de veículos com uma gama de produtos cada vez mais abrangente, como é o caso do fabricante alemão, não podia passar ao lado de um dos segmentos que conheceu maior expansão nos últimos anos: o dos monovolumes de tamanho médio.
Manter intactos os pergaminhos da estrela numa representação mais democrática e familiar, capaz de contentar os indefectíveis fãs da marca mas também de trazer novos clientes não era tarefa fácil. Duas gerações bastaram para descobrir a fórmula mais indicada de o conseguir, e o novo “B”, que acabou de chegar ao mercado português, está terrivelmente mais eficaz nesse objectivo. E apelativo para o seu público de eleição: o feminino.

(Re)stilizar o conceito

Desde o seu lançamento, o “B” é classificado pela Mercedes como um “turismo compacto e desportivo”. Na realidade é um familiar versátil e espaçoso, capaz de proporcionar grande prazer de condução. Em relação à primeira geração (lançada em 2005), a actual cresceu ligeiramente. Mas um perfil mais estilizado e a menor altura em relação ao solo (mais pormenores AQUI, no texto da sua apresentação) vieram conferir à estrutura uma aparência visualmente menos parecida com a de um clássico monovolume.
No entanto, interiormente obedece aos preâmbulos que se esperam encontrar neste género de modelos: espaço versátil e funcional, conforto em viagem e facilidade de condução, geralmente proporcionada pela melhor visibilidade para o exterior que a altura lhe confere.
Tudo isto está presente, não faltando sequer tabuleiros rebatíveis que servem os passageiros do banco traseiro ou uma mala capaz de atingir os 666 litros de capacidade. Este valor é passível de variar através de um opcional: o sistema Easy-Vario-Plus, que inclui ajuste, para a frente ou para trás, dos bancos traseiros (assimétricos) em cerca de14 cm. A volumetria da mala oscila assim entre os 488 e os 666 litros, o banco traseiro passa a ter encosto rebatível até ao assento e o espaço ao dispor dos ocupantes chega a ser superior ao disponibilizado pelo “classe S”!
Algo só possível porque o Mercedes B possui tracção dianteira, embora inviabilize a existência de pneu suplente.

Classe e qualidade

Apesar do B fugir exteriormente à configuração típica de outros modelos, a presença do construtor impera nos detalhes e em muitos dos comandos e instrumentos que o B partilha com os restantes membros da gama alemã.
O desenho do seu tablier obedece à mesma forma clássica e distinta que se conhece. Ainda assim, as orlas em alumínio polido ou as aplicações em madeira (ou num carbono mais desportivo), atenuam e conferem um toque dinâmico inusitado e bastante mais vistoso do que acontecia na geração anterior.
Sem beliscar a sua funcionalidade, destoa somente na forma como foi colocado o ecrã do sistema que fornece as informações áudio ou de navegação. Fixo e não retráctil como convinha ser, assemelha-se demasiado a uma moldura digital e encontra-se excessivamente exposto; não apenas ao reflexo dos raios solares, como à cobiça dos amigos do alheio.

Condução dinâmica e tracção dianteira

Já a percepção tida da sua condução está distante da esperada de um veículo com esta estrutura. Apesar da sensação de algum adorno da carroçaria, acentuada decerto pela altura a que se pode colocar o banco do condutor, o Mercedes B é um carro com um comportamento bastante equilibrado e, por vezes, quase desportivo. Embora as capacidades do motor ensaiado pareçam estar mais orientadas para a poupança (existe sistema start/stop, felizmente desligável) e para desempenhos mais familiares, o escalonamento da caixa de seis velocidades possibilita um certo dinamismo ao conjunto quando este não se encontra na sua lotação máxima.
Grande parte da estabilidade pressentida em estrada e a maior velocidade deve-se ao facto de ser um carro largo, com vias largas e mais rebaixadas do que é habitual. Além disso, a estrutura compacta motor/caixa de velocidades, montada transversalmente, contribui para um centro de gravidade baixo. E sendo o B, juntamente com o classe A, dos únicos Mercedes com tracção dianteira, tudo isto resulta num veículo com condução acessível e de reacções perfeitamente previsíveis.

Motor 1.8 bastante económico

Aerodinamicamente resulta igualmente bem, o que acaba por se reflectir quer na acção sonora dos ventos como sobre os consumos. No primeiro caso, apenas alguma da sonoridade do motor passa para o habitáculo, no segundo a agradabilíssima surpresa de um consumo médio claramente abaixo dos seis litros, após dias sem qualquer preocupação em estabelecer bons valores.
Fazendo gala da reputação de construtor prestigiado e preocupado não apenas com o conforto mas também com a segurança dos seus clientes, a Mercedes dotou o B de alguns dos mais recentes equipamentos de segurança. Realce, entre outros de igual importância, para um dispositivo que alerta o condutor para o perigo de colisão e automaticamente prepara o sistema de travagem para uma acção de emergência. (conferir AQUI mais sobre este sistema)
Por fim, a pensar num futuro mais ou menos imediato, o conceito modular do B foi concebido de forma a receber outro tipo de motorizações. Há, inclusive, um compartimento por baixo do piso dos bancos traseiros preparado para receber baterias destinadas a fornecer energia a motores eléctricos.


Dados mais importantes
Preço (euros):32.795 (versão base s/taxas)
Motores
1796 cc, 16 V, 109 cv das 3200 às 4600 rpm, 250 Nm das 1400 às 2800 rpm, common rail, turbo com geometria variável
Prestações
190 km/h, 10,9 seg.
Consumos (médio/estrada/cidade)
4,4 / 3,8 / 5,4 litros
Emissões Poluentes (CO2)114 gr/km


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