
QUANDO A CITROEN lançou o anterior Picasso não inventou o conceito, não trouxe grandes novidades ao segmento (ainda que o carrinho das compras tenha o seu quê...), mas, mesmo assim, constituiu uma lufada de ar fresco entre os monovolumes médios. Quanto mais não fosse pelas linhas, até porque isto do «ou-se-gosta-ou-não-se-gosta» acaba quase sempre por gerar alguma indiferença à força do hábito de ver tantos modelos a circular nas estradas. E se os há! Um preço muito atraente aliado a uma motorização diesel de 1,6 l bastante económica, bons índices de habitabilidade e uma modularidade interior suficientes, fizeram com que o Xsara Picasso provocasse sérias dores de cabeça à concorrência...

De facto, o C4 Picasso até pode seguir por uma aparente arquitectura exterior bem mais conservadora na sua forma global, mas, interiormente, nas soluções que apresenta, é deveras inovador e criativo. E não me refiro à faculdade dos dois bancos suplementares que, recolhidos, mantêm o piso plano da mala — queira-se ou não vai-se vulgarizando —, ou até mesmo aos espaços sob os pés dos ocupantes que nem são assim tantos como, por exemplo, o Renault Scénic, até porque um dos dois traseiros é ocupado pelo macaco elevatório. Antes pelos diversos «estratagemas» de simplificação da condução e do conforto, como a forma de rebatimento dos bancos laterais para um excelente acesso aos lugares suplementares; a maneira como estes se dobram e conjugam para ampliar o espaço de carga mantendo-o plano; os verdadeiros e confortáveis três lugares com poltronas individuais da fila central; a colocação/recolha deveras simplificada dos dois assentos da terceira fila, cujos ocupantes beneficiam de quotas interessantes de espaço; e outros que a tempo irei referindo.

Mas em termos de inovações não se fica por aqui, e um dos sistemas até pode vir a criar escola: esta geração Picasso oferece uma zona central praticamente «limpa» de comandos, transferindo parte deles para a zona superior fixa do volante (que roda sobre esse painel de botões, tal como as restantes versões C4), mas a maior novidade é a colocação dos de climatização — automática e de funcionamento electrónico no caso do modelo ensaiado — à esquerda do condutor os principais, à direita do «pendura» os de controlo individual.
Por outro lado, o comportamento é realmente admirável. Tendo presente de que se trata de uma viatura com o centro da gravidade elevado, o adorno em curva não é elevado e o conjunto mantém a trajectória de forma convicta e inspiradora de confiança. E a suspensão até acusa alguma natural brandura perante as irregularidades...
Em estrada aberta e com alguma velocidade, fora algum ruído provocado pela deslocação do vento, nota positiva para a estabilidade e para a insonorização.
Do mesmo modo, os 110 cv do propulsor diesel de 1,6 l, não parecem acusar o maior peso desta nova geração. A caixa manual de cinco velocidades mostra-se bem escalonada, com o veículo em carga pressente-se uma natural maior limitação nos baixos regimes e aquando as recuperações, mas a notícia sempre muito agradável é que não é difícil manter os consumos médios abaixo dos seis litros.

Pode ainda dispor da caixa de velocidades manual pilotada de seis velocidades, com patilhas de mudança de velocidade no volante e de um selector de modo na coluna de direcção.
Quanto a motores, encontramos para já apenas duas propostas a gasóleo: o ensaiado e o 2.0 HDi de 138 cv.
O equipamento de série da versão base é completo mas apenas em termos de segurança, contemplando ABS com assistência à travagem de emergência, ESP (controlo de estabilidade) e seis airbags mais um destinado aos joelhos condutor, ficando o restante pelo limitador e regulador de velocidade, travão de estacionamento eléctrico automático, volante regulável em altura e profundidade, vidros dianteiros e retrovisores eléctricos, os bancos da terceira fila e pouco mais...
A versão confort, certamente a mais procurada, já se coloca ligeiramente acima dos 30 mil euros.