
FUI RELER o texto com o resultado do ensaio que fiz ao Honda Jazz em 2002, pouco depois do lançamento da 1.ª geração em Portugal, para constatar que continuam válidas as impressões que então referenciei: boa habitabilidade face ao tamanho exterior, graças às formas e à funcionalidade dos bancos, facilidade de condução e excepcional economia de consumos. De então até hoje muito mudou, num carro que em alguns mercados se chama Fit e noutros, como Portugal, recebe a designação Jazz. A começar pela própria concorrência que entretanto lhe foi seguindo os passos, o que «obrigou» o construtor a reinventar um conceito que tanta aceitação teve: introduziu uma nova plataforma e renovou-lhe a mecânica, mas manteve, de forma subtil e inteligente, a silhueta exterior.
O JAZZ actual apresenta uma forma exterior menos monovolume do que o modelo inicial. Ainda que a altura total do conjunto permaneça inalterada, cresceu em comprimento e em largura. Se os cerca de 5 cm a mais no primeiro caso e meramente 2 no segundo pouca expressão poderão ter, o aumento das vias e da distância entre eixos veio beneficiar-lhe a habitabilidade e a estabilidade. As tais subtis alterações na forma da carroçaria - no essencial o novo Jazz mantém-se facilmente identificável por quem conhecia o anterior -, contribuíram para lhe suavizar e actualizar as formas, mantendo inalterado um aspecto muito importante: a fluidez da carroçaria e, com isso, um reduzido coeficiente de penetração ao vento. Este factor torna-se decisivo para a diminuição dos consumos e para a redução de ruídos aerodinâmicos.

A capacidade da mala cresceu, roçando agora os 400 litros. A chapeleira tem a possibilidade de adoptar duas posições (prateleira dupla) e, sob o piso, no caso de ter apenas um kit de reparação do pneus, existe um outro compartimento com cerca de 63 litros.
O ESPAÇO anterior é possível porque o tanque de combustível do Jazz está colocado ao centro da plataforma, ajudando desse modo a equilibrar-lhe também o comportamento. Mas a restante habitabilidade cresceu também, com mais uns centímetros disponíveis quer para as pernas, como para os ombros, em largura, surpreendentemente boa no banco traseiro. Ainda que o assento central deste seja incómodo para quem aqui se senta.
Completamente diferente é o painel de bordo, mais desportivo, construído com melhores materiais, embora os comandos do sistema de climatização surjam algo dispersos. Continuam a existir os pequenos espaços, o mais funcional deles na parte central/inferior do tablier.
A insonorização outro dos seus pontos fortes: o pequeno motor é isento de vibrações - parado, o Jazz até parece tê-lo desligado -, e particularmente silencioso em andamento.


É, no entanto, essa mesma direcção e a excelente capacidade de manobra - raio de viragem inferior a 10 metros -, que conferem ao Jazz tão bom desempenho em cidade. Se a isso juntarmos a categoria habitual dos modelos da casa japonesa e uma imagem sólida de fiabilidade (garantia até 5 anos sem limite de quilómetros), facilmente se adivinha a continuação de uma carreira de sucesso que, no caso da 1.ª geração, lhe valeu uma produção superior a 2 milhões de unidades. E não foi certamente por ser um carro com um preço competitivo...