O que atrai de imediato é a atitude provocante. Os detalhes de sedução. A pose desafiadora que parece gritar: “conduz-me! Mas, primeiro, mostra que tens capacidade para fazê-lo”
Se as marcas automóveis tivessem género, a Alfa Romeo seria mulher.
Italiana e ao estilo Malena.
Atraente, elegante, sedutora num primeiro olhar, não totalmente perfeita consoante o conhecimento se aprofunda, com os seus mistérios e cambiantes de comportamento que nem sempre se entendem mas, apesar de tudo, apaixonante e desejável, mesmo quando não é nossa vontade admiti-lo.
Quando há Stelvio na designação, nome que sugere previamente um artigo masculino, a dimensão do objecto ganha alguma androgenia.
Objecto que é, neste caso, um carro. Um carro que quer ser SUV sem deixar de ser desportivo e que quer ser um desportivo e ter a atitude máscula de um SUV.
Explicada a falta de estereótipo, partamos então à procura da essência do género de cada uma destas características.
A Alfa Romeo sempre se distinguiu por fazer carros desportivos.
Por desportivos, entenda-se, com linhas apaixonantes e capazes de prenderem a atenção, com motores nervosos e impulsivos capazes de acentuarem um comportamento temperamental, com interiores e posição de condução que, não sendo de todo perfeitos, tivessem a capacidade de envolver quem conduz, estimular paixões primárias e desconcertar os sentidos.
E a Alfa actual, depois de alguns anos de aparente falta de rumo, parece tê-lo encontrado ao regressar às origens da sua essência. Tornando-se apenas mais sofisticada, diria.
O Stelvio e o Giulia são disto exemplos.
O segundo, assumidamente um desportivo que quer ser um carro de executivo (ou um carro executivo que quer ser um desportivo), enquanto o Stelvio vem acrescentar mais capacidade para ir além do alcatrão e principalmente, uma boa desculpa para se ter um desportivo que também oferece alguma versatilidade familiar.
Haverá um género definido em cada uma destas características? Não e ainda bem que assim é, já que o mistério e a indefinição, por natureza, são alimento da sedução.
Como bons italianos que são, geram paixão e discórdia. Deles se gosta e se desculpa, deles não se gosta e se repudia, Difíceis, enfim, de gerar consenso, porém, impossíveis de lhes ser indiferentes.
Emoções
Falando do carro em si.O Stelvio, como se disse, não é um carro perfeito e, como SUV, tem um pouco mais de músculo e altura para se aventurar fora do alcatrão mas também a delicadeza e as limitações próprias de não ser um todo-o-terreno. Mas pode ir um pouco mais além e a altura dá-lhe pose, atitude e visibilidade.
Em todo o caso, aquilo que o define e atrai é verdadeiramente a condução.
Precisei de voltar duas vezes a este carro para compreendê-lo e satisfazer-me. Para deixar-me conduzir sem rodeios pela entrega do motor, envolver-me no comportamento e simplesmente desfrutar.
De facto, há algo nele que subliminarmente nos embala na condução mas que, ao mesmo tempo, nos instiga a desejar querer domesticar o desafio com raça que o Stelvio também consegue ser.
Não sei o que é, mas vicia e deixa saudades.
Das linhas exteriores à aparente qualidade de construção, do design interior à sua funcionalidade, da entrega do motor ao comportamento em geral, há uma certa consensualidade.
Racionalidade
SUV de estilo, conduz-se como um desportivo com raça. Que não gosta de ser domesticado.
Há um fio condutor que nos leva a olhar, uma atitude que nos instiga a procurar mais, a desejar mais e a não ficar de todo desiludido
Desportivo e sem grandes peneiras fora do alcatrão é assim o Stelvio. Há ainda requinte e aposta em revestimentos de qualidade. Melhor o espaço dianteiros, os passageiros traseiros só penarão se os ocupantes da frente tiverem perna longa
525 litros de mala acessíveis sempre a partir de portão eléctrico. Área de carga bem plana quando os encostos dos bancos traseiros rebatem