HISTÓRIA: MG, Garagens Morris


Cecil Kimber, o criador dos automóveis MG, era um alto responsável das "Morris Garages", uma distribuidora dos carros da marca Morris em Oxford, Inglaterra. Começou por modificar os modelos da marca inglesa, aumentando-lhes a potência dos motores, rebaixando-lhes a suspensão e montando-lhes carroçarias de aspecto e eficácia mais desportiva. Cecil Kimber, na imagemao volante do primeiro MG desportivo em 1925, o “Old Number One”, era grande entusiasta de modelos desportivos e acreditava que existia um mercado em potência para este segmento


A MG nasceu do mesmo modo que tantas outras marcas: recorrendo à plataforma e elementos mecânicos de outro construtor.

Com chassis MORRIS, a comercialização dos primeiros modelos principiou em 1924.

Tratava-se do 14/28, um desportivo de quatro lugares.

O 14/28 podia ser utilizado no dia-a-dia mas, com poucas transformações, podia participar de forma competitiva nas provas de velocidade e resistência que então cresciam na Europa.

Desde o início essa foi a característica principal dos modelos MG: poderem ser facilmente transformados em automóveis desportivos.

Entre mudanças para instalações mais amplas, gerado pelo sucesso que a marca do octógono ia conhecendo, o final da década de 20 vê nascer um dos mais emblemáticos carros da marca: o Midget.

O Type M ou 8/33 foi responsável por muitas conquistas desportivas da marca inglesa

O MG-TYPE M foi produzido de Abril de 1929-1932 e também é designado por 8/33.

Consiste num pequeno desportivo de dois lugares baseado no Morris Minor e no seu pequeno motor de 847 cc.

Este carro foi não apenas responsável por várias vitórias na sua categoria, como pioneiro de outras séries com o mesmo sucesso que quebraram múltiplos recordes de velocidade.

O segredo estava na aplicação de soluções mecânicas bastante desenvolvidas para a época.

Outro sucesso foi o MG K Type Magnette, cujo motor de seis cilindros tinha apenas 1,1 litros de capacidade.

Mas o seu baixo peso, uma suspensão terrivelmente eficaz e soluções mecânicas desenvolvidas permitiam aos seus pilotos "negociar" curvas com maior rapidez e segurança.

Isso fez este desportivo acumular uma série de troféus na respetiva categoria e bater-se com modelos bem mais potentes do que os ágeis carros ingleses.

MG TC de 1945, com suspensão dianteira independente desenhada pelo pai do Mini

A dependência à Morris e o controlo desta sobre a MG acentuou-se ao longo dos anos.

Como aconteceu com a maioria das fábricas inglesas, as da MG foram reconvertidas para a produção de armamento durante a 2.ª Guerra Mundial.

Cecil Kimber, entretanto demitido, veio a falecer de acidente, no final da guerra, em 1945.

E o pós-guerra vê surgir outro modelo emblemático: o MG TC.

O TC foi o primeiro carro da marca a ser exportado em larga escala.

Inclusive para o difícil mercado norte americano, que acabaria por se tornar um dos mais importantes para o construtor.

Uma particularidade interessante: com motor de 1250 cc, o MG TC possui uma suspensão dianteira independente desenhada pelo, na altura jovem, Alec Issigonis.

Isso mesmo: tratava-se do pai do Mini.


O belíssimo MGB GT MkII de 1968.
Nas décadas seguintes o modelo ganharia formas que o descaracterizaram.

Em 1955, surge outra série de modelos de sucesso.

Nessa altura, já a MG fazia parte do grupo BMC, que reunia, entre outras, as marcas Morris e Austin.

Sempre pequenos, sempre desportivos e sempre apaixonantes, o MGA e posteriores MGB, projetaram definitivamente o nome da MG no universo das marcas desportivas.

Sete anos de produção e mais de 100 mil unidades produzidas confirmam o sucesso do MGA.

A MG passava a ser responsável pelas versões desportivas da BMC.

Simultaneamente, era também responsável pelo fabrico de outra marca do grupo inglês, a Riley.

Na década de 60 e principio dos anos 70, a MG era uma das marcas mais populares entre os amantes dos pequenos carros desportivos simples mas robustos, com preço acessível e, mesmo assim, com prestações surpreendentes.

Baseado na berlina Rover 75, o MG ZT XPower 385 pretendia concorrer com o mais desportivas marcas europeias. A designação 385 devia-se à potência declarada

Nos anos 70, o MGB era o principal motor da marca.

Mas a crise do petróleo e a necessidade de para-choques em material compósito, obrigatórios pelas rígidas regras de segurança norte-americanas, vieram descaracterizar o MGB.

A marca acabou por cair numa lenta agonia e foi preterida, dentro do grupo BMC, pela Triumph. 

Durante alguns anos foi condenada a dar apenas o nome a versões desportivas de modelos da Austin: Metro, Maestro, Montego...

Mas nenhum possuía o brilho e, sobretudo, a individualidade de outrora.

Um primeiro sinal de regresso aconteceu em 1992: uma produção limitada de 2000 mil exemplares de uma versão baseada nas linhas do ultimo MGB, equipado com o motor Rover V8 de 3,9 l, proveniente do Range-Rover.

E o MGF já estava a ser desenvolvido e foi apresentado três anos depois no Salão de Genebra.

O belíssimo TF, o último MG a encarnar algum do espírito da marca

Os últimos anos de comercialização da marca voltaram a ser de alguma agonia.

Como nos anos 80, ficou reduzida a versões desportivas de modelos Rover: MG ZR, ZS e ZT.

Dos últimos comercializados, o que melhor tentou manter os pergaminhos da lendária marca inglesa de modelos desportivos, foi justamente o TF, a evolução do MGF, um descapotável de dois lugares e motor central.

Na comemoração dos 80 anos na marca chegou ainda a ser apresentado o MG GT CONCEPT.

Tratava-se de um belíssimo coupé baseado na série TF, com linhas sensuais, elegantes e que apelavam à expressão contemporânea do famoso MGB GT da década de 60.

Outros protótipos se lhe seguiram, entre eles o X80 e o ainda mais imponente X Power SV, um carro baseado no modelo anterior.

Recorria a um motor V8 de origem Ford e debitava qualquer coisa como 313 cv.

Embora existisse a hipótese de um seis litros com 765 cv!

Com a falência da marca Rover, a mística do nome MG desapareceria do circuito comercial.

Embora ela se mantenha bem viva no coração de muitos entusiastas de modelos clássicos.

Ou nas garagens dos mais afortunados.

(A marca MG permanece "viva" através de uma subsidiária do construtor chinês SAIC Motor. Os seus modelos são vendidos em diversos mercados europeus, incluindo o Reino Unido e participa em algumas competições automóveis. Mas o charme criado no século XX parece estar irremediavelmente perdido)

O MG X Power SV poderia ter sido o modelo comercializado mais potente de sempre: 765 cv!

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