Citroën C4 Cactus Rip Curl. Ensaio, preços e motores.

- Série especial com "Grip Control"

- Associação a marca de Surf com mais equipamento

- Motores 1.2 a gasolina e 1.6 a gasóleo

- Preços a partir de 23 mil euros

O Cactus é um daqueles carros que bem se pode dizer que foi uma verdadeira “pedrada no charco”, uma criação original que só poderia vir de uma marca que, desde a sua génese, nos habituou à inovação.

Ou não fosse a mesma que concebeu, entre outras genialidades, o 2CV e o “Boca-de-Sapo”.

No caso do C4 Cactus, os vários “ovos de Colombo” da Citroën são os múltiplos pormenores e especificidades, da carroçaria ao habitáculo, perante os quais é impossível ficar indiferente. 
Embora a característica mais marcante, e aquela que definitivamente irá fazer escola e ficar para sempre associada ao Cactus, sejam os “airpumps”.


Cedo se percebeu que o Cactus era um daqueles carros dados a transformações e séries especiais.

 Esta tem sabor a mar mas não serve só os amantes do surfA associação à conhecida marca de surf resultou numa série especial capaz que potenciar ainda mais as capacidades do carro francês.

Assim acontece porque ela vem equipada com um sistema de gestão de tracção chamado “Grip Control” que, juntamente com pneus específicos, aumenta as competências do carro sobre pisos mais complicados, como lama ou areia, ou para circular, de forma mais segura, sobre estradas com gelo.

Em concreto, o que a tecnologia “Grip Control” faz é uma gestão da força do motor entre cada uma das rodas dianteiras, a partir da leitura do deslizamento de cada uma delas.

O condutor só tem que seleccionar o tipo de piso (gelo, neve ou lama) num comando rotativo situado no tablier.

Uma posição “normal” serve para as situações mais habituais de circulação.

Os mais radicais podem também desligar o ESP. Mas com o controlo de estabilidade desactivado, a necessidade de uma condução mais atenta acaba por ser contrária ao espirito descontraído desta versão.

O que é o sistema Grip Control? Como funciona?


Capaz de adaptar o Citroen C4 Cactus a diferentes tipos de piso, a tecnologia Grip Control, juntamente com pneus específicos "Mud & Snow", aumenta a capacidade de locomoção em terrenos difíceis.

O sistema assenta num controlo de tracção evoluído, incorporado no calculador do sistema ESP que gere o escorregamento das rodas dianteiras.

Possui 5 modos, operáveis através do comando rotativo colocado ao centro do painel de bordo:

- STANDARD: condições de estrada normais, com baixas taxas de derrapagem;

AREIA: permite a derrapagem simultânea das duas rodas motrizes da frente, para melhorar a progressão em pisos soltos e limitar os riscos de atascanço na areia. Até 120 km/h; a partir daí, em modo "Standard" (transição automática);

TODO TERRENO: para deslocações tranquilas sobre todos os pisos escorregadios... Actua como um Diferencial de Deslizamento Limitado, assegurando o arranque do veículo em condições especiais, transferindo o binário máximo possível para a roda de maior aderência. Até aos 80 km/h; a partir daí, em modo "Standard" (transição automática);

NEVE: Adapta a derrapagem de cada uma das rodas motrizes às condições de aderência encontradas. Até aos 50 km/h;, a partir daí em modo "Standard" (transição automática);

ESP OFF: permite desactivar o ESP (activo até aos 50 km/h).


Equipamento e análise do habitáculo

Porque desde o início o C4 Cactus já demonstra inclinação para a aventura, além de acrescentar o “Grip Control”, o que esta versão faz é recriar, em termos de estilo, o que já existe, acrescentando uma decoração específica e dando cor ou sigla às barras do tejadilho, aos cintos de segurança, aos tapetes e até à orla dos altifalantes na forra das portas.

O que acrescenta em relação à versão Shine:

- Adesivo «Rip Curl» específico nos pilares traseiros e no guarda-lamas dianteiro

- Elementos de protecção da carroçaria à frente e atrás em cinzento alumínio

- Barras de tejadilho e conchas dos retrovisores em branco

- Pneus GoodYear Mud & Snow específicos (205/50 R17 89V - Vector 4Seasons)

- Cintos de segurança específicos e frisos dos altifalantes na cor PULP ORANGE

- Tapetes adicionais "Rip Curl" com pesponto na cor PULP ORANGE

Para defender as zonas mais expostas a toques e riscos, todos os C4 Cactus contam com os famosos “airpumps”, as telas de protecção em plástico aborrachado aplicadas nas partes laterais da carroçaria.

Cores de carroçaria: Verde OLIVE BROWN, Preto OBSIDIAN, Vermelho ADEN, Cinzento ALUMÍNIO e Branco PERLE NACRE e Azul BALTIC. Airbump®, em PRETO de série, podendo ser em opção: DUNE, CHOCOLATE e GREY.

Talvez por causa das formas irreverentes e de pormenores como o porta-luvas, mas também devido à facilidade com que se conduz, o Citroen C4 Cactus é um carro de sucesso entre o público feminino.

Por isso, estranha-se a ausência de espelho (já agora, iluminado...) na pala do sol do lado do passageiro.


Em contrapartida, podemos contar com um original e volumoso porta luvas.

Só possível porque o Citroën C4 Cactus volta a inovar, ao ser o primeiro modelo com airbag do passageiro instalado no tejadilho.

O inovador compartimento do porta-luvas tem um tratamento do tipo malas de viagens, com cintas e picots.

Baseando-se na plataforma do mais DS3, o Citroën C4 Cactus ganha vantagem sobre o mais compacto dos DS em espaço traseiro e conforto.

Embora com portas traseiras para melhor acesso a estes lugares, a abertura dos vidros anteriores pode apenas ser feita em compasso.

A constituição rija dos bancos é outro dos pontos a favor do Cactus e, nesta versão Rip Curl, podemos encontrar cintos de segurança específicos, tapetes adicionais com a etiqueta "RIP CURL" com pespontos de cor laranja, iguais aos frisos que rodeiam os altifalantes das portas.

Interiores, integrados com os detalhes PULP ORANGE, os estofos dos bancos em Tecido Mica Grey de série, podem ser misto Cabedal/tecido preto em opção.



Como equipamento, conta de série com elementos do nível SHINE: ajuda ao estacionamento traseiro, ar condicionado automático, sistemas automáticos de detecção de chuva e de acendimento dos faróis e sistema de navegação no ecrã táctil de 7’’, regulador e limitador de velocidade e vidros escurecidos, entre outros.

Em opção pode contar com um tejadilho panorâmico com elevada protecção térmica, capaz de absorver os efeitos do calor.

Motores a gasolina e a gasóleo. Preços do Cactus "Rip Curl". Impressões de condução

Esta série especial está disponível com dois motores.

A gasolina, com o 1.2 PureTech com 110 cv e a gasóleo com o 1.6 BlueHDi de 100 cv. Os dois com sistema Start/Stop e caixa de velocidades manual.

Ensaiámos o Cactus com o motor a gasóleo, certamente aquele que, pelo preço e pela perspectiva de economia, deverá ser alvo de maior procura em Portugal.

Um motor que se destaca principalmente pelos consumos e com o qual foi facilmente possível estabelecer médias abaixo dos 5,0 litros.

Mas por não se tratar de um motor talhado para uma condução desportiva - nem o Cactus é! - e porque tem associada uma caixa de apenas 5 velocidades, qualquer intenção de imprimir um andamento mais dinâmico, provoca médias de consumo que, ainda assim, não deverão ultrapassar os 6 litros.

Em resumo, a sua condução transmite confiança porque tem reacções são bastante previsíveis, mas não é um carro que incentive a andar rápido, embora também o permita fazê-lo.

Neste aspecto, em relação aprimeiro ensaio feito ao Citroen C4 Cactus, de significativo só há a acrescentar a novidade chamada "Grip Control".


O que muda com o "Grip Control"?

Diferente, ousado e divertido de conduzir.

Estas são as características que melhor definem o Citroën C4 Cactus.

A forma da carroçaria, a altura e, agora, com esta versão, o sistema "Grip Control" dá-lhe um pouco mais de capacidade fora do alcatrão.

Experimentámos com os vários modos possíveis do ESP e facilmente se percebe que, em algumas das funções, o comportamento do Cactus melhora e permite uma condução mais rápida com melhor aderência ao solo.

Mas elas surgem sobretudo destinadas para permitir a progressão em terrenos mais difíceis e podem acabar por servir em situações em que o simples patinar de uma das rodas impedisse a andamento.

Levado a transpor vários desníveis com inclinação não muito acentuada, mas bastante irregulares, a possibilidade de transferir o binário do motor para a roda que mantinha a aderência, impediu que o C4 Cactus se imobilizasse por falta de tracção.

DADOS MAIS IMPORTANTES
Preços desde
25 628 euros (sem campanha)
Motores
1560 cc, 8 válvulas, 99 cv às 3750 rpm, 254 Nm às 1750 rpm, common rail, turbo, intercooler
Prestações
184 km/h, 10,6 seg.(0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
3,6 / 3,3 / 4,2 litros
Emissões Poluentes (CO2)
95 gr/km

Qual foi o automóvel mais vendido em Abril de 1974?



A revolução do 25 de Abril faria do ano de 1974 um marco na História de Portugal. Além de revelar qual foi o carro mais comprado pelos portugueses em Abril e de fazer as contas para saber quantos escudos custava atestar o seu depósito de gasolina, este texto faz uma breve viagem pelo mercado automóvel desse ano, os modelos mais procurados pelos portugueses, o salário médio da altura e faz também um rápido retrato do que era a indústria automóvel portuguesa na década de 70 do século XX 

No mês de tão importante efeméride para a História de Portugal, o carro mais vendido em Portugal foi o Fiat 127. Os registos mostram também que, em Abril de 1974, a Fiat foi também a marca com maior número de matrículas.

Nesse ano, o mercado ultrapassou pela primeira vez as cem mil unidades vendidas (105.181 ligeiros, entre passageiros, viaturas mistas e de mercadorias, dados Pordata), caindo abaixo da fasquia dos cem mil registos no ano seguinte (1975) e de 1978 a 1980.


O Fiat 127 mais económico e com motor de 903 cc (uma evolução do motor utilizado no Fiat 850 e que seria utilizado até aos anos 90 pela SEAT, por exemplo) custaria cerca de 95 contos, ou 95 mil escudos; o equivalente a 475 euros na moeda atual, sendo que o salário mínimo mensal seria fixado, ainda em 1974, em 3.300 escudos. 

Alguns estudos indicam que o rendimento mensal per capita situava-se abaixo deste valor e que o salário anual médio rondaria os 65 mil escudos.

Em 1974, atestar o depósito do Fiat 127 custava 225 escudos, pouco mais de um euro, atendendo a que o preço médio da gasolina (com chumbo) era de 7,5 escudos e que o tanque comportava 30 litros.

O Portugal da altura “produzia” vários modelos automóveis. A "Lei da Montagem", que impunha a montagem em Portugal de carros destinados ao mercado doméstico, com a incorporação de componentes produzidos no nosso país, bem como restrições à importação de automóveis completamente construídos, contribuiu para que, ao longo das décadas de 60 e 70 do século passado, se desenvolvessem e consolidassem uma série de unidades industriais.

São disso exemplo a Mabor (pneus, fundada em 1938), a Covina (vidros, fundada em 1936), a Molaflex (assentos, fundada em 1951) e muitas outras produtoras de componentes diversos, como sistemas de iluminação, cablagens elétricas, manípulos, etc., que abasteciam as cerca de duas dezenas de fábricas de montagem automóvel que chegaram a existir.

Renault 4 Guarda portugal

A Renault foi provavelmente o construtor automóvel com mais unidades de produção em simultâneo: Guarda (primeira unidade industrial da marca, onde durante muitos anos foi produzido o ou a Renault 4), Setúbal e em Aveiro (Cacia, adquirida na década de 80).


A da Fiat situava-se em Vendas Novas (SOMAVE, actual Gestamp, ainda hoje dedicada à indústria automóvel), localidade onde também estava instalada a unidade da Batista Russo que montava, além dos camiões MAN, Steyr e Atkinson, os BMW 1600 e 2002. 

Foi aqui, em Vendas Novas, que, reza a lenda, terá nascido a primeira carrinha da marca alemã (uma "touring" nunca homologada), artesanalmente concebida, pelos trabalhadores da unidade portuguesa. Uma das razões seria o facto de, nos anos 70, a fiscalidade automóvel beneficiar modelos carrinha de duas portas.

Mini Ima Setúbal
Podem também citar-se marcas como a Austin (a célebre carrinha Mini IMA deve a designação a Indústria Metalúrgica de Alumínio), Datsun (Entreposto, que mais tarde seria responsável pela marca SADO), Citroën, Ford, Volkswagen e tantas outras, entre as quais a Toyota (Salvador Caetano), a marca “que veio para ficar”. E ficou!

Ficou de tal forma que, em 1974, a Toyota foi a segunda marca mais vendida em Portugal depois da Fiat, culpa do estrondoso sucesso do Toyota Corolla, que tinha como maiores rivais o Datsun 1200 e o Ford Escort.

Toyota Corolla Portugal 1974
E, ontem como hoje, marcas como a BMW e a Mercedes-Benz não estavam mal colocadas na tabela, até pela quantidade de carros de praça que tinham uma estrela estampada no capot.

Provavelmente está a interrogar-se sobre modelos tão icónicos e populares como o Austin Mini ou o VW Carocha; qualquer deles possuía um preço mais elevado do que o Fiat 127.

O ano de 1974 assinala também a chegada de um modelo que viria a revolucionar o mercado automóvel nos anos seguintes: o VW Golf. 

Mas isso é outra história.