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HISTÓRIA: Datsun 120 Y ou Nissan Sunny B210


O Nissan B210 foi um dos modelos mais populares e com a longevidade mais longa da série “Sunny”.

Sucessor do aclamado Datsun 1200, de onde derivava grande parte da estrutura mecânica, seria produzido para a Europa e para a América do Norte até 1979.

A linha de modelos Nissan “Sunny” é uma das séries mais longa do construtor japonês.

O primeiro Sunny surgiu em 1966: Datsun 1000 (B10)
Em 1968 aparecia a versão 1000 Van
Em 1970 foi lançado o Datsun 1200 (B110)
A carrinha manteve-se no Datsun 1200
Datsun/Nissan B210 ou 120Y em versão berlina com duas ou quatro portas 
B310, o último Nissan Sunny com tração traseira

O lançamento do Almera (ou Tiida em alguns mercados) interrompeu o uso da designação em mercados fora do Japão.

Como a maioria dos carros japoneses que vingaram na Europa, os primeiros Datsun despertavam a atenção pelo preço, mas também por uma mecânica simples que o tempo viria a revelar-se mais fiável do que a dos carros europeus concorrentes, nomeadamente os motores que, apesar de económicos, eram bastante rotativos e desembaraçados.

Este conjunto de características tornava estes modelos particularmente interessantes para a competição. O modelo acima é um Datsun Sunny (B110) 1200 GX-5, baseado na segunda geração.

O motor 1.2 debitava 130 cv e possuia caixa manual de cinco velocidades)

Porém, nos anos 70 do século XX, era vulgar encontrar carros em uso familiar durante a semana e, ao domingo, serem vistos a correr em circuito.

Praticamente bastava colocar um capacete, levar um extintor a bordo e, claro, reforçar alguns vidros, incluindo dos faróis, com fita-cola.

Infelizmente, isto terá contribuído para o desaparecimento prematuro de muitos carros.


"120Y"

Produzido para a Europa entre 1973 e 1978, o B210 é o terceiro da linha Sunny.

Em Portugal ele é mais conhecido como 120Y. Praticamente mantém grande parte da estrutura mecânica da geração anterior:

- Motor A12 (evolução do A10 do Datsun 1000): 1171 cc, 69 cv, motor dianteiro/tração traseira e caixa manual de quatro velocidades (mas outros se juntavam de acordo com os mercados, identificados com 130Y, 140Y, 150Y…)

- Jantes de 12 polegadas (passariam a 13 polegadas a partir de 1975, aquando da renovação do carro);

- Chassis e sistema de suspensão com alterações mínimas: molas traseiras de folha semielípticas

As maiores exigências de segurança do mercado americano obrigaram a alguns melhoramentos neste sentido, como o formato menos saliente do pára-choques e a maior proteção dos ocupantes.


Melhorado (ou tentado) foi também um flagelo habitual dos carros japoneses da altura, a demasiada exposição da chapa à corrosão, propositadamente mais fina já que um dos segredos da dinâmica e do consumo sempre residiu no baixo peso.

Embora muitas vezes acontecesse a incorporação local de componentes ou a montagem do carro, as condições de transporte (barco essencialmente) eram demoradas e nem sempre ofereciam as melhores condições de proteção.


Presença em Portugal 

Extraordinariamente popular na América do Norte graças a um combinado de seis formatos de carroçaria, que incluíam a vistosa e cobiçada versão Coupé, a carreira do Datsun 120Y em Portugal fez-se sobretudo com a carroçaria sedan de duas portas ou quatro portas e com a carrinha de três portas, já que a de cinco era mais penalizada em termos fiscais.

Carrinha com três ou cinco portas
A mala da carrinha com a barra lateral para proteger os vidros

O design continua a ser um dos pontos fortes deste carro: a silhueta ondulada, a marcação da linha da cintura dos vidros.

Caixa de velocidades manual...
...ou transmissão automática
Bancos bastante reclináveis, bagageira volumosa
Várias opções de interior

Mas também o interior, principalmente a forma do tablier e disposição dos instrumentos contribuem para fazer do 120Y um carro com uma condução bastante envolvente.


O modelo seria descontinuado na Europa, com a chegada do Nissan/Datsun B310 em 1979. Continuou porém a ser produzido noutros países, nomeadamente na África do Sul, de onde saíram estas belessímas versões coupé com motor 1.6 (160Y).

Possuiu ou já conduziu um Datsun 120Y?

Conte-nos a sua história.


Catálogo Datsun/Nissan B2010 (140Y). Detalhes mecânicos e equipamento




Qual foi o automóvel mais vendido em Abril de 1974?



A revolução do 25 de Abril faria do ano de 1974 um marco na História de Portugal. Além de revelar qual foi o carro mais comprado pelos portugueses em Abril e de fazer as contas para saber quantos escudos custava atestar o seu depósito de gasolina, este texto faz uma breve viagem pelo mercado automóvel desse ano, os modelos mais procurados pelos portugueses, o salário médio da altura e faz também um rápido retrato do que era a indústria automóvel portuguesa na década de 70 do século XX 

No mês de tão importante efeméride para a História de Portugal, o carro mais vendido em Portugal foi o Fiat 127. Os registos mostram também que, em Abril de 1974, a Fiat foi também a marca com maior número de matrículas.

Nesse ano, o mercado ultrapassou pela primeira vez as cem mil unidades vendidas (105.181 ligeiros, entre passageiros, viaturas mistas e de mercadorias, dados Pordata), caindo abaixo da fasquia dos cem mil registos no ano seguinte (1975) e de 1978 a 1980.


O Fiat 127 mais económico e com motor de 903 cc (uma evolução do motor utilizado no Fiat 850 e que seria utilizado até aos anos 90 pela SEAT, por exemplo) custaria cerca de 95 contos, ou 95 mil escudos; o equivalente a 475 euros na moeda atual, sendo que o salário mínimo mensal seria fixado, ainda em 1974, em 3.300 escudos. 

Alguns estudos indicam que o rendimento mensal per capita situava-se abaixo deste valor e que o salário anual médio rondaria os 65 mil escudos.

Em 1974, atestar o depósito do Fiat 127 custava 225 escudos, pouco mais de um euro, atendendo a que o preço médio da gasolina (com chumbo) era de 7,5 escudos e que o tanque comportava 30 litros.

O Portugal da altura “produzia” vários modelos automóveis. A "Lei da Montagem", que impunha a montagem em Portugal de carros destinados ao mercado doméstico, com a incorporação de componentes produzidos no nosso país, bem como restrições à importação de automóveis completamente construídos, contribuiu para que, ao longo das décadas de 60 e 70 do século passado, se desenvolvessem e consolidassem uma série de unidades industriais.

São disso exemplo a Mabor (pneus, fundada em 1938), a Covina (vidros, fundada em 1936), a Molaflex (assentos, fundada em 1951) e muitas outras produtoras de componentes diversos, como sistemas de iluminação, cablagens elétricas, manípulos, etc., que abasteciam as cerca de duas dezenas de fábricas de montagem automóvel que chegaram a existir.

Renault 4 Guarda portugal

A Renault foi provavelmente o construtor automóvel com mais unidades de produção em simultâneo: Guarda (primeira unidade industrial da marca, onde durante muitos anos foi produzido o ou a Renault 4), Setúbal e em Aveiro (Cacia, adquirida na década de 80).


A da Fiat situava-se em Vendas Novas (SOMAVE, actual Gestamp, ainda hoje dedicada à indústria automóvel), localidade onde também estava instalada a unidade da Batista Russo que montava, além dos camiões MAN, Steyr e Atkinson, os BMW 1600 e 2002. 

Foi aqui, em Vendas Novas, que, reza a lenda, terá nascido a primeira carrinha da marca alemã (uma "touring" nunca homologada), artesanalmente concebida, pelos trabalhadores da unidade portuguesa. Uma das razões seria o facto de, nos anos 70, a fiscalidade automóvel beneficiar modelos carrinha de duas portas.

Mini Ima Setúbal
Podem também citar-se marcas como a Austin (a célebre carrinha Mini IMA deve a designação a Indústria Metalúrgica de Alumínio), Datsun (Entreposto, que mais tarde seria responsável pela marca SADO), Citroën, Ford, Volkswagen e tantas outras, entre as quais a Toyota (Salvador Caetano), a marca “que veio para ficar”. E ficou!

Ficou de tal forma que, em 1974, a Toyota foi a segunda marca mais vendida em Portugal depois da Fiat, culpa do estrondoso sucesso do Toyota Corolla, que tinha como maiores rivais o Datsun 1200 e o Ford Escort.

Toyota Corolla Portugal 1974
E, ontem como hoje, marcas como a BMW e a Mercedes-Benz não estavam mal colocadas na tabela, até pela quantidade de carros de praça que tinham uma estrela estampada no capot.

Provavelmente está a interrogar-se sobre modelos tão icónicos e populares como o Austin Mini ou o VW Carocha; qualquer deles possuía um preço mais elevado do que o Fiat 127.

O ano de 1974 assinala também a chegada de um modelo que viria a revolucionar o mercado automóvel nos anos seguintes: o VW Golf. 

Mas isso é outra história.