Citroën C3 Picasso 1.6 HDi

Multiusos

Definitivamente uma das propostas mais engraçadas e funcionais do seu
género. Se a habitabilidade é uma das suas valências principais, já a
inesperada estabilidade em estrada constitui um trunfo deveras
importante

Muitos carros com este formato – não muito grandes nem pesados e com
carroçarias mais altas — costumam sofrer, em velocidade, de alguma
falta de estabilidade que se reflecte sobre a direcção, obrigando o
condutor a permanentes correcções na trajectória.
É um facto que não foram concebidos para grandes rasgos de condução e
até mesmo este C3 Picasso requer atenção em curvas mais acentuadas. Na
maioria das vezes nem é a segurança que está em causa; simplesmente,
por causa do centro de gravidade e da posição de condução mais
elevados, a sensação de adorno da carroçaria é acentuada.
Após alguns dias de o ter provocado, a sensação que me deixou é a de
que, nesse campo, oferece um comportamento melhor do que seria de
supor num carro com perfil aerodinâmico anunciado de quase 0,31 cx! E
se alguma vez sensibilidade ao vento mostrou, foi apenas a circular
numa das pontes que liga Lisboa ao Sul.

De dentro para fora

O Citroën C3 Picasso parece um carro construído ao contrário: de
dentro para fora. Se assim foi, o que se pretendia e se conseguiu
obter, foi mais espaço e funcionalidade. Geralmente, quando isso
acontece, nem sempre o resultado exterior é o mais interessante. Não é
o caso do C3 Picasso, que além de jovial e descontraído, dispõe de
muitos pormenores que lhe dão imensa graça e dificilmente o fazem
passar despercebido.

O interior é inovador, alegre e quem gosta de pequenos espaços
certamente não ficará desiludido. O habitáculo oferece bastantes –
entre os bancos não é o mais funcional e, dependendo dos objectos, os
que forem colocados sobre o tablier podem saltitar e incomodar em
andamento –, os forros das portas são amplos, de lado, nos bancos
dianteiros, existem mais e há tabuleiros retráteis a servir os lugares
traseiros. Até mesmo os 385 litros de capacidade total da mala são
bons (ampliáveis a 500 l já que o banco traseiro corre
longitudinalmente sobre calhas), existindo um fundo duplo sobre um
pneu fino de emergência.
Os lugares traseiros transportam sem dificuldade 3 passageiros.

Equilibrado

Referida a versatilidade e abordado o bom comportamento em curva,
resta dizer que embora disponha de uma suspensão mais firme, nem por
causa disso o conforto é grandemente prejudicado. Relativamente bem
insonorizado face ao ruído do motor e apenas deixando pressentir algum
do efeito do vento sobre a parte frontal – e apenas quando em
velocidade –, o C3 Picasso apresenta uma mais do que razoável
capacidade de amortecimento em mau piso. Nessas circunstâncias o que
mais me desagradou foi um ruído proveniente dos encaixes dos plásticos
que revestem e compõem a parte central do painel de bordo, onde se
agrupam um conjunto de informações digitais provenientes do
velocímetro, do computador de bordo e sistema áudio, entre outros.
Uma posição de condução elevada e um manípulo da caixa bem próximo do
volante, não só ajudam a tornar cómodo o acto de o dirigir, como
melhoram a própria visibilidade, sobre os comandos e para o exterior.
90 cavalos são suficientes para a agilidade e poder de manobra em
cidade, e até mesmo em estrada, onde em velocidade e sem carga, se
permite a andamentos e recuperações que surpreendem. Com mais peso e
em percursos mais íngremes poderá revelar maiores limitações, em todo
o caso, o que com esta versão seguramente se pretende, é acima de tudo
versatilidade de uso e economia: mais no preço de custo (cerca de 2500
euros a menos no correspondente nível de equipamento face ao mesmo
motor com 110 cv), do que nos consumos que não sofrem um acréscimo
significativo.

PREÇO, desde 20 335 euros MOTOR, 1560 cc, 16 V, 90 cv às 4000 rpm.,
215 Nm às 1750 rpm CONSUMOS, 6,1/4,1/4,8 l (cidade/estrada/misto)
EMISSÕES POLUENTES 128 g/km de CO2

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