Kia Cee’d S Coupe 1.4 CVVT ISG EX

Fintar a crise

Numa altura em que o preço dos combustíveis e o ambiente estão na ordem do dia, utilizar os dois para justificar uma versão que contribua para dinamizar as vendas num sector que não conhece os seus melhores dias é sempre uma boa ideia…

Venham as boas notícias, que das más já estamos todos um pouco cansados! Ora é o preço dos combustíveis que torna a subir, ora é por causa da poluição automóvel que o ambiente na Terra está pior… Como se já não bastasse, paira por aí uma crise económica e de confiança que parece ter vindo para ficar mais tempo do que todos nós certamente gostaríamos, levando a que as vendas de automóveis em quase todas as economias ocidentais estejam a cair a pique.
Contudo, quando quase tudo parece jogar contra, eis que se aplica aquela velha máxima que diz que é em tempo de crise que surgem as boas ideias e se fazem bons negócios. Isto tudo para dizer que a reboque de políticas fiscais tendentes a beneficiar os veículos menos poluentes, alguns construtores apressaram-se a criar versões que recorrem a alguns truques para, no final e em situações muito particulares, apresentarem um nível médio de emissão de CO2 mais baixo. O que as torna mais baratas.



Economizar

A fórmula é simples: oferecer ao consumidor, por um preço mais baixo que se deve a uma menor carga fiscal, um carro que, ainda por cima, anuncia ser capaz de andar mais quilómetros por menos dinheiro. Parece bom negócio, não é?

Na realidade é. Mesmo que na prática algumas premissas não funcionem exactamente como são anunciadas no papel. Mas se tivermos em linha de conta que por causa do sistema que tem instalado consegue ser nalguns casos mais barato, e ainda por cima vem com mais equipamento, outros valores se levantam.

Para isso ser possível, e não tendo o grupo coreano ainda desenvolvido um sistema próprio, recorreu à Bosch e instalou um cada vez mais vulgar "stop and go". Para quem está menos familiarizado, trata-se de uma tecnologia que faz o motor desligar, por exemplo em semáforos ou em situações de engarrafamento e arrancar rapidamente mal é pressionado o pedal da embraiagem.

Existem também pneus de baixo atrito, mas, na prática, é preciso andar muito em cidade ou em filas de trânsito para verificar alguma diminuição nos consumos.

O bom de tudo é que o temos ainda direito a uma bateria com maior capacidade, um motor de arranque reforçado e um alternador que só carrega quando para isso não tem que sobrecarregar o funcionamento do motor.

Até porque as capacidades da motorização 1.4 a gasolina e o escalonamento da respectiva caixa de cinco velocidades, apelam a uma condução tranquila se a intenção é realmente controlar os consumos; há potência, sim senhor, mas o binário está algures lá em cima, nas 5000 rpm, e quem desejar encontrá-la ou deixar-se tentar por explorar a boa arquitectura comportamental do conjunto, bem pode começar a penitenciar-se pelo (mau) ambiente que poderá deixar aos netos!

Quem não gostar ou achar desnecessário o seu uso, porque a média geralmente não abandona os 8 litros, existe sempre a possibilidade de desligar o sistema.



Projecto europeu


No restante e não é pouco, o conjunto Cee'd revela a importância de um projecto nascido na Europa para agradar a europeus: uma estética terrivelmente sedutora no caso concreto do "3 portas" — designado "S Coupe" em Portugal ou "pro_Cee'd" noutros mercados —, e um interior funcional, que beneficia do espaço que a boa largura e a elevada distância entre os eixos lhe proporcionam.

Acresce uma qualidade de materiais e de acabamentos ao nível dos padrões actuais.

Conduz-se e manobra-se bem, se bem que a visibilidade seja condicionada, nalguns ângulos, devido, por exemplo, à volumetria dos pilares dianteiros e dos próprios retrovisores. A ergonomia é boa, a funcional e a respeitante ao conforto proporcionado pelos bancos, que oferecem bom apoio para o corpo mas que pecam por necessitar de novos ajustes depois do acesso aos lugares traseiros. Os 340 litros de capacidade da mala são possíveis devido a um pneu de emergência fino.

A segurança, característica «cara» ao consumidor europeu, também não foi descurada, contendo de série seis airbags que ajudaram o Kia Cee'd a conquistar a classificação máxima nos testes de colisão Euroncap, ou até mesmo as 4 estrelas em 5 no que concerne à protecção de crianças.

A gama oferece uma garantia de 7 anos!

PREÇO, desde 18340 euros

MOTOR, 1396 cc, 109 cv às 6200 rpm, 137 Nm às 5000 rpm, 16 válvulas CONSUMOS, 7,0/5,0/5,8 l (extra-urbano/combinado/urbano)

EMISSÕES POLUENTES 137 g/km de CO2

ENSAIO: Mercedes-Benz C 250 CDI BlueEfficiency Prime Edition

Poupar tem neste caso um duplo sentido: economia de dinheiro nos valores de aquisição e nos consumos; poupança do ambiente através da redução de emissões poluentes. Mas felizmente, ao contrário do que acontece com modelos de outras marcas com idênticas preocupações ambientais, a Mercedes manteve ou incrementou mesmo as características dinâmicas das versões.

Honda Accord Tourer 2.2 i-DTEC

Belíssima

Parece questão mais ou menos consensual considerá-la como uma das carrinhas mais bonitas da classe e não só. Toda a sua silhueta é atraente, atlética e sensual, senhora de um equilíbrio e harmonia de linhas que concorrem para uma pose simultaneamente dinâmica, plena de charme e de prestígio

Com algumas honrosas e infelizes excepções, a Honda pode gabar-se de ser, entre as marcas japonesas, aquela cujo traço dos seus modelos mais facilmente agrada aos consumidores ocidentais.

Ora sendo a parte estética importante na hora de escolher um carro, há ainda que contar com outros factores de ordem mais racional, nomeadamente a relação preço/qualidade/equipamento, por exemplo, algo suficientemente abrangente e que no fundo pretende significar que, face ao preço de venda, o que recebemos em troca vale cada euro dispendido.

E como referi aquando do ensaio à versão sedan aqui analisada há semanas, mais uma vez, os carros do construtor japonês partem em vantagem por beneficiarem de uma boa reputação de robustez e fiabilidade.

Grande ma non troppo

Um dos factores que contribui para que o Accord facilmente se imponha é a sua volumetria. Cresceu face à geração anterior e embora não seja o maior da classe, o habitáculo parece e é suficientemente desafogado, nomeadamente para as pernas dos ocupantes do banco traseiro.

Neste aspecto não difere muito do sedan e não vale a pena por isso alongar muito. Refira-se que a capacidade da mala não constitui referência – cerca de 400 litros, inferior ao sedan –, com o rebatimento fácil do encosto destes bancos a gerar uma superfície quase plana que a volumetria dos pilares da suspensão impede maior amplitude a meio.

A mala, bem revestida, contém pequenos espaços fechados e ainda um compartimento sobre o pneu suplente que é de pequenas dimensões. Acresce de série uma rede retráctil para separar na vertical a zona da mala do restante, útil por questões de segurança.

Pujante é ainda o aspecto do tablier, igualmente desportivo no desenho e nas cores que alegram o fundo dos instrumentos. Funcional, o Accord não foge à posição de condução dos modelos da Honda, tipicamente baixa e com um manípulo da caixa de seis velocidades curto a inspirar trocas rápidas.

Andamento allegro

O Accord Tourer consegue ser surpreendentemente ágil face ao que as dimensões fariam supor. Pelo menos em estrada, onde uma suspensão que roça o desportivo confere um comportamento estável, seguro e quase irrepreensível das reacções.

É por isso que o conforto se ressente em parte, obviamente em piso irregular, mas a boa estrutura dos bancos ajuda a amortecer em parte. Já que refiro este aspecto, de salientar que face a um motor não particularmente silencioso, sobretudo a baixa rotação, o interior evidencia excelente insonorização.

Voltando ao comportamento, amortecedores traseiros que reagem de acordo com a carga e a generosa disponibilidade deste motor — que não sendo o mais "desportivo" nem o mais potente, não apenas não envergonha como é seguramente um dos mais económicos —, contribuem para um desempenho bastante consistente, equilibrado, capaz de inspirar bastante confiança e agradabilidade na sua condução.

PREÇO, desde 40000 euros

MOTOR, 2199 cc, 150 cv às 4000 r.p.m., 350 Nm às 2000/2500 r.p.m., 16 V., common rail, turbo de geometria variável, intercooler

CONSUMOS, 7,5/5,0/5,9 l (cidade/estrada/misto)

EMISSÕES POLUENTES 155 g/km de CO2

Seguramente um dos aspectos em que este novo Honda Accord mais se destaca é na área da tecnologia voltada para a segurança. Entre o equipamento opcional, conta-se o Sistema Avançado de Assistência à Condução (ADAS) que tenta automaticamente corrigir a trajectória do veículo com a ajuda de uma pequena câmara instalada no vidro posterior. A LKAS (Lane Keeping Assist System) detecta os traços no pavimento para mantê-lo dentro da faixa de rodagem.

O controlo da velocidade de cruzeiro adaptável (ACC - Adaptive Cruise Control) utiliza um radar de ondas milimétricas para assegurar uma distância constante em relação ao veículo da frente. Funcionando em conjunto com o sistema de travagem atenuante de colisões (CMBS - Collision Mitigation Brake System), monitoriza a distância e a relação de aproximação com o automóvel da frente, ajudando a reduzir as consequências de uma colisão.

Os avisos podem acontecer de forma sonora ou visual no painel de bordo e ainda por esticão do cinto de segurança do condutor.

Mazda 6 2.2 MZR CD/185 cv


Ponto de fuga


Há fugas que, quando possíveis, são quase uma necessidade: as escapadelas por lazer ao fim de semana ou mais alguns dias, para descanso e retemperar das forças, que também podem servir para descoberta da nossa história, geografia, usos e costumes, enfim tudo o que há de melhor em Portugal.

Qualquer que seja o objectivo, Évora é, certamente, um dos melhores destinos que existe.


Património de todos

Évora município, Évora cidade ou até Évora e o seu centro histórico, justamente considerado património da humanidade pela Unesco, têm muito para oferecer.

Mesmo quando a ela se chega rapidamente, por exemplo, pela auto-estrada que liga Lisboa a Elvas — e consequentemente à fronteira espanhola —, ou para o efeito se dispõe de um Mazda 6 dotado do novíssimo motor diesel 2.2 com 185 cv de potência.

Para quem já gostava deste modelo, um dos mais equilibrados da sua categoria e dos mais económicos na relação preço/qualidade/consumos, mais ainda me rendi perante esta sedutora versão. Não tanto pelos subtis pormenores que a diferenciam, porque é a unidade motriz quem mais se destaca. Concebida a partir do bloco 2.0 e, em Portugal, disponível apenas na sua versão mais potente e num único nível de equipamento – Sport –, os novos parâmetros de injecção e de funcionamento do turbo tornaram-no também mais eficaz ao nível dos consumos.



Economia

No segmento não têm concorrência em matéria de consumos para este nível de potência e, se já era um dos mais acessíveis da categoria, o preço deste 2.2 pouco mais acresce ao do modelo de 2,0 l que a seu tempo substituirá por completo.

No total da viagem, as médias não se desviaram muito das indicadas pelo construtor. Grande parte da responsabilidade cabe ao binário que "chega" mais cedo e ao escalonamento da caixa de seis velocidades.

Foi interessante constatar como um carro destas dimensões se manobra bem nalgumas intrincadas ruelas do interior das muralhas.

Agradável de conduzir em cidade evidencia mais facilmente a sua vivacidade em estrada. A afinação desportiva da suspensão confere-lhe um comportamento estável e preciso em velocidade, enquanto que o desempenho em curva não deixa créditos em mãos alheias. Rápido, o conjunto não esconde ser mais vocacionado para quem aprecia uma condução dinâmica, do que para quem privilegia o conforto.





Sedução

Não há falta do que ver ou fazer num local com tanta história. A cada passo um pormenor, inevitavelmente o templo romano, ex-libris de Évora e erradamente designado como "de Diana". Obviamente também a Sé Catedral, a Capela dos Ossos ou a Igreja dos Lóios, ao lado da Pousada com o mesmo nome, o edifício da Universidade ou simplesmente deixarmo-nos levar pelo olhar e pela vontade.

Com raízes que remontam ao Império romano, o centro de Évora sofre influência de outras culturas e civilizações: Celta, Árabe, Judia e Cristã, mas fora do burgo existem vestígios que remontam a eras anteriores. O cromeleque e o menir dos Almendres, a 12 km, remontam a fases do neolítico, provavelmente entre o sexto e o terceiro milénio antes de Cristo.

Bem mais recente e actual é o habitáculo do Mazda 6. Espaçoso e igualmente sedutor e desportivo, tem na funcionalidade e na qualidade dos acabamentos os seus melhores trunfos.

A excelente posição de condução e a ergonomia dos bancos ajudam a tornar confortável uma suspensão que por vezes se mostra mais "seca" a amortecer as irregularidades.

Exceptuando a posição, demasiado para a direita, do travão de mão —, a colocação e visibilidade dos comandos contribuem para o agrado da sua condução. Realce para o excelente sistema de som Bose, cujo uso, nesta versão, pode ser mais apreciado, já que este motor é mais silencioso do que o 2,0 l.



PREÇO, desde 38600 euros

MOTOR, 2184 cc, 185 cv às 3500 rpm, 400 Nm das 1800 às 3000 rpm, 16V, common rail, turbo com geometria variável, intercooler e filtro de partículas

CONSUMOS, 7,1/4,7/5,6 l (cidade/estrada/misto)

EMISSÕES POLUENTES 149 g/km de CO2




Évora pode ser também o epicentro de uma viagem por esta belíssima região do Alentejo. Alqueva fica perto, mas também lugares históricos e turísticos como Arraiolos, Estremoz e Vila Viçosa, por exemplo.

A hotelaria e a restauração contemplam todas as bolsas, sendo que a Pousada de Portugal, mesmo no centro, um dos extremos mais emblemático.

Em zona mais calma, até para estacionar, fora de muralhas, existem outras possibilidades de alojamento.

É o caso do Hotel D. Fernando, simpática unidade de três estrelas localizada numa das principais vias do exterior, mas a poucos minutos a pé do centro. Com mais de uma centena de quartos, uma bem protegida piscina externa e de um restaurante onde se degusta o melhor da gastronomia alentejana, a sua decoração oscila entre o moderno e o tradicional da região.

Do Hotel é possível programar actividades de lazer como passeios a cavalo, de bicicleta ou de jipe ou até acelerar no famosíssimo kartódromo de Évora.