Três dicas para comprar um descapotável este verão


À medida que o Sol radiante vai brilhando sobre nós, a atração subjacente a um descapotável chique faz-se sentir e de uma forma particularmente amplificada.

Conduzir junto à majestosa costa marítima com o tejadilho recolhido é uma alegria imbatível que só os proprietários de um carro descapotável são capazes de valorizar… a questão é que, tal como acontece com qualquer outro carro, é necessário ter a cabeça no lugar e os pés bem assentes na terra antes de se avançar para a compra, sendo igualmente necessário efetuar uma extensa pesquisa.

É para o ajudarmos nesse sentido que aqui estamos, com três dicas no bolso para partilharmos consigo, de modo a podermos assisti-lo na primeira parte da sua viagem – a aquisição de um descapotável de sonho; já o resto, só a si cabe decidir.

1.        Como escolher o descapotável ideal

Se se questionar em relação a “qual carro usado comprar?”, saiba desde logo que o mercado dos descapotáveis disponibiliza um vasto leque de opções – do luxuoso BMW Série 4 ao icónico Mazda MX-5, existe toda uma pletora destes automóveis para todos os gostos e carteiras.

Ao considerar as suas opções, dê prioridade ao que lhe é mais relevante, independentemente de se tratar de velocidade, conforto, eficiência no consumo de combustível ou prestígio da marca.

É um amante dos clássicos? Talvez um carro usado se enquadre nas suas preferências; o mercado de carros usados é uma verdadeira cornucópia de descapotáveis que têm vindo a envelhecer como um bom vinho.

Não se esqueça apenas de que deve verificar o histórico do veículo e executar uma inspeção mecânica minuciosa antes de tomar a sua decisão final.

2.        Compreenda o mecanismo por detrás do tejadilho

Uma das características que tornam um descapotável único é, sem grandes surpresas, a recolha do tejadilho – algo de concretizável com o simples premir de um botão; contudo, existem diferenças entre tejadilhos flexíveis e rígidos que poderão influenciar em muito a sua experiência com este género de veículo.

Os tejadilhos flexíveis são muito mais leves e monetariamente acessíveis, embora não ofereçam o mesmo nível de isolamento ou de segurança que os tejadilhos rígidos, que, por outro lado, reduzem consideravelmente o nível de ruído e aumentam a sua segurança, apesar de serem mais caros e pesados, o que poderá impactar o desempenho da viatura.

Quer venha a escolher um descapotável com tejadilho flexível ou rígido, não se esqueça de que o respetivo mecanismo deve encontrar-se na melhor das condições; antes de finalizar a sua compra, certifique-se de que experimenta esta funcionalidade mais do que uma vez, de modo a garantir que não surgirão imprevistos posteriormente.

3.        Avalie as condições gerais em que o veículo se encontra

A inspeção geral da viatura que pretende adquirir é simplesmente crucial.

Proceda à aferição do habitáculo e confirme se existem rasgos nos estofos ou desgaste em peças como as pegas das portas ou a manete da caixa de velocidades, já para não falar do tablier e, mais concretamente, do painel de instrumentos, uma vez que a exposição ao ambiente externo é, obviamente, muito maior do que num veículo convencional.

Quanto ao exterior, procure por sinais de ferrugem ou danos de outra natureza, especialmente se tiver um carro usado sob a sua consideração.

Uma inspeção mecânica exaustiva, preferencialmente efetuada por um automecânico de confiança, é essencial de modo a poder evitar quaisquer problemas futuros.

Se estiver a adquirir um carro usado, solicite um histórico detalhado – terá acesso a informação valiosa sobre eventuais sinistros em que o veículo possa ter estado envolvido, intervenções efetuadas e cumprimento do calendário de revisões.

Em conclusão

O prazer de poder conduzir um descapotável com o vento a roçar-lhe o cabelo e o Sol a iluminar-lhe o rosto é simplesmente uma experiência imbatível.

Quer esteja a preparar-se para comprar um descapotável novinho em folha ou usado, estas dicas ajudá-lo-ão no seu processo de tomada de decisão; lembre-se de que a aquisição de um automóvel (particularmente um descapotável) não se prende apenas com utilidade, mas sim com a concretização de um sonho e a criação de memórias indeléveis.

Agora que está prestes a embarcar nesta excitante viagem, não se esqueça de que um carro descapotável é uma questão de afirmação, um símbolo de liberdade e a confirmação de que conduzir é um verdadeiro deleite.

Então, se está preparado para experienciar o entusiasmo de ter um descapotável já este verão, faça favor de iniciar a sua pesquisa; quem sabe se o seu descapotável de sonho não estará disponível apenas a um clique de distância?

1978: Socialismo na gaveta, FMI em Portugal e reflexos no mercado automóvel. Na RTP a escrava chamava-se Isaura


Em 1978 o FMI estava pela primeira vez a Portugal. Os portugueses apertavam o cinto e Mário Soares colocava o socialismo na gaveta e aliava-se ao CDS para formar o II Governo Constitucional. Como se comportava o mercado automóvel há 23 anos e quanto custavam alguns dos carros mais populares?

(Imagem principal: Richard Lomas/www.tramsinportugal.blogspot.com)

Neste texto está um retrato do mercado automóvel em 1974, mais precisamente do mês de Abril, o ano da revolução em Portugal.

Por essa altura, 1974, um Mini 1000 custava sensivelmente 74 contos com sistema de aquecimento incluído, sendo preciso pagar cerca de mais seis contos para ter o mais moderno “Clubman”.

Já a carrinha Mini IMA, na versão mista (passageiros) mais “refinada”, ficava pelos 75 mil escudos, mais ou menos o valor de um Citroën Dyane ou um Renault 4.

Olhando para os modelos mais exclusivos do já então já complicado grupo automóvel inglês (BLMC, posteriormente apenas BL, British Leyland), um MGB equipado com “Overdrive”, relação de transmissão utilizada para velocidades mais elevadas durante trajetos mais longos, como uma viagem em autoestrada, andava à volta dos 125 contos, dependendo do tipo de capota.

Já o mais desportivo MGB GT, também com “Overdrive”, custava mais 14, 15 ou 16 mil escudos, dependendo do equipamento pretendido, sendo que a lista de opcionais incluía, por exemplo, encostos de cabeça para os bancos!


Por falar em modelos desportivos, quanto dinheiro era preciso para ter um Ford Capri com motor de 3,0 litros e tejadilho revestido em vinil negro? Mais de 200 contos, uma pequena fortuna só ao alcance de poucos portugueses, além de não ser propriamente muito popular nos anos mais quentes de 74/75 ostentar grandes sinais de riqueza. 

Recorde-se, o salário mínimo mensal fixado logo após a revolução situava-se nos 3.300 escudos.

Na hora do FMI

Três anos depois do 25 de Abril o estado das finanças públicas nacionais exigia a ação do Fundo Monetário Internacional.

Negociado em 1977, uns meses depois, já na vigência do II Governo Constitucional liderado por Mário Soares com o apoio de Freitas do Amaral (janeiro de 1978-agosto de 1978), os portugueses começaram a sentir os primeiros efeitos das medidas de austeridade impostas pelo FMI: cortes orçamentais, subida das taxas de juro, restrições ao crédito, desvalorização da moeda e aumentos salariais limitados em 20%, quase 7% abaixo da taxa de inflação registada em 1977.

No mesmo ano em que na madrugada de Sintra uma pedra decidiu a vitória do Rali de Portugal, Sá Carneiro recuperou a liderança do PSD (que formaria o VI Governo Constitucional em janeiro de 1980) e os portugueses acompanharam o drama da “Escrava Isaura”, depois de um namoro de meses com “Gabriela”, o mercado automóvel de automóveis ligeiros voltou a descer abaixo das 100 mil unidades, caindo mais de 28,5% face ao resultado obtido em 1977.

Quanto custavam os modelos mais populares da altura?


Em 1978, o carro mais barato era de novo um Fiat, o 126, e custava cerca de 120 contos, sensivelmente 600 euros.


O Mini 1000 havia subido para 165 contos e o Fiat 127 mais acessível já chegava aos 174 contos. Uns milhares de escudos a mais do que a célebre Citroën Dyane Nazaré, mas mais barato do que um Renault 4 ou de um Renault 5, que ultrapassava os 200 mil escudos.

Era o tempo das carrinhas. Beneficiando de uma fiscalidade mais favorável, uma carrinha Toyota Corolla podia ser mais barata do que a versão de três portas (240 contos vs 250 contos) e o mesmo sucedia com o Datsun 120Y (250 contos vs 284 contos, valores arredondados).


Em parte por isso a carrinha do Simca 1100 (240 euros) e o VW Brasilia (246 euros) eram dois dos modelos mais populares da época.

Sendo que, em 1978, o preço da gasolina com chumbo já havia triplicado de valor em relação a 1974 e custava 25/26 escudos por litro, enquanto o salário mínimo não tinha sequer duplicado, ao crescer de 3.300 escudos para um pouco menos de 5.700 escudos.

Dados: Pordata (www.pordata.pt), Revista "Qual Carro?", janeiro de 1978