Peugeot 206+ 1.1 Trendy


Baixo Custo

A razão principal do seu ressurgimento no mercado nacional será mesmo oferecer um utilitário low coast, expressão inglesa cada vez mais em voga que significa tão só o que o título desta peça indica?


Os franceses olharam para a sua gama de veículos ligeiros e entenderam que nalguns mercados existia espaço, entre o pequeno 107 e o novíssimo 207, já que este está disponível somente a partir da motorização 1.4 a gasolina.
Recorramos à tabela de preços em Portugal para entender melhor a ideia: o Peugeot 107 1.0i de cinco portas mais barato custa, com equipamento base e sem incluir despesas de legalização e transporte, cerca de 10500 euros; nas mesmas condições, o 206+ 1.1i (portanto com um motor mais potente), sem fazer comparações de equipamento, onera apenas mais 500 euros, enquanto que o 207 1.4i, do mesmo “campeonato” mas obviamente com “mais” motor, tem preços que começam nos 14100 euros, 3000 euros acima.
No segmento, isto é dinheiro. Para particulares mas não só, porque existe também interesse nas frotas comerciais de empresas, sejam elas de rent-a-car ou não.
Além de que não se trata apenas de um carro antigo que voltou. Mantém uma linha actual que goza ainda de alguma popularidade, continuando a ser fabricado para mercados menos exigentes (nomeadamente da América Latina mas não adianta usar o facto como argumento de comparação) e que vem com ligeiros melhoramentos face à gama que entretanto o 207 substituíra.

Barato ou não, eis…

Por estas razões e mais algumas, a marca repudia a ideia de se tratar simplesmente de um modelo de baixo custo. Produzido em França como se de uma nova geração se tratasse, face à anterior distingue-se por uma nova frente (capot, guarda-lamas, pára-choques dianteiro, grelha e faróis), tampões e novos pára-choques e farolins traseiros que o aproximam da imagem do 207. Mantém a silhueta intemporal e inconfundível, ainda mais jovem, provocante na frente mergulhante e na tomada de ar generosa (aliam-se mais duas novas no capot) e continua a fintar-nos de modo desafiador.
É óbvio que o desafio é bastante limitado pelas capacidades de um motor que se quer principalmente económico, com intenções ambientais e desenvoltura bastante pacata. Este 1.1, cujo bloco conta já com muitos anos de bons e leais serviços ao grupo, tem sido alvo constante de actualizações que lhe conservam uma das suas principais características — a moderação de consumos — mas começa a tornar-se difícil o desígnio perante um carro mais pesado do que o anterior. Dado que a gestão do motor foi alterada por forma a garantir o cumprimento de normas ambientais, não se esperem grandes milagres do seu desempenho e por isso… relaxe.
Relaxe até porque o conforto, para um utilitário, é muito bom. O espaço interior não abunda e continua a beneficiar os lugares dianteiros, a mala surge maior (245 l) devido à ausência de um pneu de reserva (substituído por kit anti-furo) e os assentos dianteiros são bastante confortáveis. A suspensão macia absorve correctamente as irregularidades e se por causa disso o 206+ parece balançar um pouco em curva, o ligeiro aumento das vias, melhorou-lhe o comportamento.
Até porque, não se esqueça, este é um carro para grandes… economias!


PREÇO, desde 10990 euros

MOTOR, 1124 cc, DOHC, 8 V, 60 cv às 5500 r.p.m., 94 Nm às 3300 rpm

CONSUMOS, 8/4,5/5,7 l (cidade/estrada/misto)

EMISSÕES CO2, 135 g/km

Enquadramento histórico

Os automóveis low coast não são uma novidade. Antes que alguém refira que os japoneses foram os primeiros a inventá-los para a Europa, lembro que Hitler desejou um carro até 1000 marcos (projecto que daria origem ao VW) e Henry Ford revolucionou toda a indústria mundial, no inicio do século passado, com o seu Ford T.
Nos tempos mais recentes e principalmente depois do fim da guerra-fria e da queda do Muro de Berlim, começaram a surgir modelos mais baratos provenientes de marcas ai existentes, tendo por detrás grandes construtores como a VW ou a Renault, por exemplo. O objectivo, nesse caso, era oferecer um produto que concorresse com uma nova vaga de veículos que então começava a chegar de oriente, desta feita de construtores coreanos.
Os tempos mudam e hoje são mesmo alguns desses construtores asiáticos a estarem por detrás de outros novos projectos que a seu tempo irão chegar à Europa, oriundos de países com a Índia e, claro está, a China.
O 206 é o modelo mais vendido de sempre pela Peugeot, acima de cinco milhões de unidades produzidas, destronando o 205. Dois factores contribuíram decisivamente: a estética e o comportamento. Um interior agradável à vista, beneficia no “+” de um painel de bordo redesenhado mas que eventualmente merecia materiais menos rígidos e com melhor aspecto.
Portugal recebe carroçarias de 3 e 5 portas e, além deste motor, está disponível o diesel 1.4 HDi com 70 cavalos e preço em torno dos 17 mil euros. Há uma versão comercial desta última versão.

Honda Insight 1.3 SOHC i-VTEC


Carro mealheiro
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Duas ideias a reter: um familiar económico, proveniente de uma grande marca, custa pouco mais de 20 mil euros. A segunda é que ensina a poupar
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À partida, tem ar de concept-car. Quer dizer, não é propriamente um carro bonito, embora, em abono da verdade também não se possa afirmar que é feio.

Desde logo se lhe adivinha a sua veia futurista. Não é tão estranho quanto o primeiro Insight o foi quando surgiu no século passado (1999…), e é definitivamente mais prático e mais versátil.

Senão vejamos: este carro é aquilo a que se convencionou chamar um veículo híbrido, no caso motorizado com um motor de explosão (a gasolina) e auxílio de um outro eléctrico. Ora para o funcionamento deste último são necessárias baterias, geralmente pesadas e volumosas.

No Civic Hybrid, estas encontravam-se nas costas do banco traseiro impedindo o seu rebatimento. No Honda Insight isso já não acontece, localizando-se na zona da mala. Claro que por causa disso, o plano do piso ficou elevado e a capacidade, no total, vai pouco além dos 400 litros.

Para quem estranha, tirando o facto de umas linhas de certo modo futuristas, estudadas para optimizar a fluidez aerodinâmica, à vista praticamente nada o distingue de viaturas menos amiga do ambiente… porque é disso que aqui se trata.

Já quanto ao interior, o caso muda de figura!

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Vamos jogar?

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Não se trata propriamente de um jogo, mas quem quiser pode encará-lo como tal. Sem tentar parecer muito infantil na descrição, o objectivo é "ganhar" o maior número de flores, o mais completas possíveis e ainda… fazê-las florir!

O prémio? Bem, o prémio o condutor vai tendo-o ao longo da condução com aquilo que poupa ao ambiente e à sua carteira. À disposição tem uma série de informações: consumos médios e instantâneos, mas isso é habitual. Mas também indicações da eficiência da condução: uma luz no velocímetro verde indica poupança, a sua evolução para azul até um azul bem carregado, menos economia. Há ainda indicadores do modo como a energia está a ser utilizada ou de que forma a viatura está a ser impulsionada — só o motor a gasolina, os dois em simultâneo para aumentar a força ou só o eléctrico — se está a carregar as baterias em desaceleração, por exemplo, e as "plantinhas" vão nascendo e crescendo em concordância, ensinando e incentivando à poupança.

No fim quem for o melhor jardineiro, perdão condutor mais eficiente, leva a taça… e abre menos os cordões à bolsa nos reabastecimentos.

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Divertido e prático

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Foi assim que encarei este carro. De forma divertida, despretensiosa e consciente da importância destes veículos não apenas na conservação do nosso Planeta, mas também da nossa conta bancária, mais a mais em tempos de crise.

Por ser abrangido por benefícios fiscais é possível ao Honda Insight ter um preço bastante concorrencial e beneficiar ainda de bonificações no Imposto de Circulação.

Em termos práticos, feitas as contas, este Honda não é mais económico para a carteira do que alguns familiares com pequenos motores a gasóleo; mas que, à partida, custam mais, poluem mais e tendem a ser mais ruidosos.

Numa condução normal urbana, o consumo médio de combustível fica acima dos sete litros, pese embora um muito eficaz sistema Stop & Go. Em estrada e sem exagerar, conseguem-se médias em torno dos 5,5. Quanto a funcionar apenas com o motor eléctrico, é possível… mas às vezes tentar fazê-lo, torna-se num exercício de paciência e sensibilidade do pé que pisa o acelerador.

Onde este motor auxilia e muito, é nas ultrapassagens e recuperações, porque o funcionamento em simultâneo dispara o binário para um valor que o seu pequeno motor a gasolina não alcançaria. Nessas alturas ocorre também um aumento do ruído a bordo, em grande medida devido ao funcionamento da caixa de velocidades automática.

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Realidade

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Em que mais casos, por cerca de 20 mil euros se tem um familiar da Honda com caixa de velocidades automática? Para quem não gosta deste modo de transmissão, apenas um conselho: experimentem! É mais fácil acomodarmo-nos à "preguiça" e ao conforto do seu uso do que ao inverso…

No geral, o Insight é um carro que não prima por materiais nobres no interior, largamente compensado pelo rigor dos acabamentos. Está num patamar inferior ao Civic. O tablier é prático, bem aproveitado e com pequenos espaços. Embora algo diferente na disposição, basta uma olhar rápida aos comandos para que estes se tornem intuitivos.

Boa pontuação para o conforto, obra e graça de bancos que oferecem um excelente apoio do corpo. O espaço traseiro é normal, um pouco condicionado pela altura devido à forma da carroçaria. A suspensão macia perdoa alguns excessos de condução mas convém não abusar.

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PREÇO, desde 20000 euros MOTOR, 1339 cc, 88 cv às 5800 rpm, 121 Nm às 4500 rpm, 16 válvulas CONSUMOS, 4,6/4,2/4,4 l (extra-urbano/combinado/urbano) EMISSÕES POLUENTES 101 g/km de CO2

Toyota iQ 1.0 VVT-i

O preço da exclusividade

Que diz o proprietário de um iQ ao condutor de um Smart? O meu é 30 cm maior do que o teu!

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A comparação entre os dois é inevitável e várias vezes me colocaram durante o período em que o tive para ensaio: o que distingue o iQ de um Smart?

Estive tentado a responder "Tudo!". Fiquei-me e fico-me pelo "quase tudo". Afinal, são ambos pequenos, fáceis de arrumar e ideais para circular em cidade. As semelhanças vão pouco mais além destas características.

Para começar, o iQ é maior, excepto na altura. Esses centímetros, quase 30 no comprimento, pouco mais de 10 na largura e menos 4 na altura, fazem toda a diferença. Embora o Smart tenha crescido na presente geração, continua a ser um "dois lugares"; o Toyota oferece quatro, e se não são generosos e bastante dependentes das necessidades dos ocupantes dianteiros, a realidade é que isso permite outra modularidade.

A mala do iQ é irrisória, praticamente inexistente. Se rebatermos 1 ou os 2 assentos, ela passa a ser de 238 litros, maior do que a do Smart.

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De comparação em comparação

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Paro com as comparações em relação ao modelo alemão, embora pudesse referir que, em termos de estabilidade e desempenho dinâmico do motor, a vantagem é claramente Toyota, fruto de uma melhor aerodinâmica, jantes grandes e iguais de 15'' e peso mais elevado, que conferem maior precisão em velocidade e no comportamento em curva.

Porque não consigo fugir às comparações — mesmo se não devesse fazê-lo porque o Toyota iQ é um carro dotado de características muito especiais e de objectivos muito concretos —, o facto de, no mercado português, o factor preço contar e estar directamente relacionado com a cilindrada, impõe novo paralelismo, desta vez sem sair de casa.

Falo do Toyota Aygo, projecto comum ao grupo francês PSA.

Partilhando este tri-cilindrico a gasolina, além de mais de espaço, o Aygo tem a vantagem de poder dispor de 5 portas, úteis em termos de acesso quando, por exemplo, se transporta uma cadeira de criança no banco traseiro. É mais meio metro — para melhor no que concerne à habitabilidade, para pior no que respeita ao poder de manobra —, num carro que acaba por custar menos 3 a 4 mil euros.

Estabeleci esta referência, para reforçar a justa dimensão do iQ; não se trata de um carro barato nem pretende sê-lo. Antes exclusivo e diferente!

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Espaçoso?

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Pode parecer estranho mas a habitabilidade é um trunfo. Ser largo para as restantes dimensões e ter um tablier bem estudado nesse sentido, dá-lhe a sensação de amplitude. Efectivamente não existe impressão de claustrofobia, além de que a frente curta e a traseira "cortada" permitirem uma excelente visibilidade e bom poder de manobra.

O painel de bordo é simples, contém as informações essenciais e os comandos do rádio são únicos e originais, em forma de joystick no volante e de uso intuitivo. Não falta nada que não exista nos grandes — a solução para porta-luvas é um mimo —, pode receber painel LCD para um sistema de navegação e até ter os bancos aquecidos…

O acesso aos lugares traseiros não é famoso, já o uso da mala e o rebatimento dos bancos são uma brincadeira de crianças. A qualidade dos materiais desculpa-se pela originalidade e fica largamente compensada pelo rigor da montagem e dos acabamentos.

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Enganador

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O iQ atinge e mantém velocidades proibitivas por lei de um modo natural e tranquilo, sem vibrações da carroçaria ou da própria direcção, que corremos o risco de nem nos apercebermos. Muito desse bom desempenho deve-se ao controlo de tracção e de estabilidade, que são sensíveis e estão em permanente alerta (o que se compreende num veículo com tais características), mas não incomodam. Com facilidade, o iQ entrosa-se com o condutor, e este 1.0 tem o comportamento típico dos propulsores japoneses, rotativo e esgotando-se para lá das 6000 r.p.m.. Obra e graça de um sistema de distribuição variável VVT-i, que abre e fecha as válvulas consoante o regime de funcionamento do motor, e de uma caixa muito colaborante e rápida nas "trocas", escalonamento curto das primeiras velocidades como se espera num citadino. Por causa do gozo transmitido pela sua condução e sem preocupação económicas, o consumo médio marcado no computador de bordo superou os seis litros.

Bancos com bom apoio colmatam as limitações de uma suspensão curta no seu curso e de pneus de baixo perfil, por aqui se percebendo o quanto muitas ruas das nossas cidades são uma miséria em termos de piso. Não penalizando em demasia o conforto ainda que se ressinta, mostra também que a insonorização cumpre com eficácia os objectivos.

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PREÇO, desde 13300 euros

MOTOR, 998 cc, 3 cilindros, 12 V, 68 cv às 6000 rpm, 91 Nm às 4800 rpm

CONSUMOS, 4,9/3,9/4,3 l (cidade/estrada/misto)

EMISSÕES DE CO2, 99 g/km

Kia Cee’d S Coupe 1.4 CVVT ISG EX

Fintar a crise

Numa altura em que o preço dos combustíveis e o ambiente estão na ordem do dia, utilizar os dois para justificar uma versão que contribua para dinamizar as vendas num sector que não conhece os seus melhores dias é sempre uma boa ideia…

Venham as boas notícias, que das más já estamos todos um pouco cansados! Ora é o preço dos combustíveis que torna a subir, ora é por causa da poluição automóvel que o ambiente na Terra está pior… Como se já não bastasse, paira por aí uma crise económica e de confiança que parece ter vindo para ficar mais tempo do que todos nós certamente gostaríamos, levando a que as vendas de automóveis em quase todas as economias ocidentais estejam a cair a pique.
Contudo, quando quase tudo parece jogar contra, eis que se aplica aquela velha máxima que diz que é em tempo de crise que surgem as boas ideias e se fazem bons negócios. Isto tudo para dizer que a reboque de políticas fiscais tendentes a beneficiar os veículos menos poluentes, alguns construtores apressaram-se a criar versões que recorrem a alguns truques para, no final e em situações muito particulares, apresentarem um nível médio de emissão de CO2 mais baixo. O que as torna mais baratas.



Economizar

A fórmula é simples: oferecer ao consumidor, por um preço mais baixo que se deve a uma menor carga fiscal, um carro que, ainda por cima, anuncia ser capaz de andar mais quilómetros por menos dinheiro. Parece bom negócio, não é?

Na realidade é. Mesmo que na prática algumas premissas não funcionem exactamente como são anunciadas no papel. Mas se tivermos em linha de conta que por causa do sistema que tem instalado consegue ser nalguns casos mais barato, e ainda por cima vem com mais equipamento, outros valores se levantam.

Para isso ser possível, e não tendo o grupo coreano ainda desenvolvido um sistema próprio, recorreu à Bosch e instalou um cada vez mais vulgar "stop and go". Para quem está menos familiarizado, trata-se de uma tecnologia que faz o motor desligar, por exemplo em semáforos ou em situações de engarrafamento e arrancar rapidamente mal é pressionado o pedal da embraiagem.

Existem também pneus de baixo atrito, mas, na prática, é preciso andar muito em cidade ou em filas de trânsito para verificar alguma diminuição nos consumos.

O bom de tudo é que o temos ainda direito a uma bateria com maior capacidade, um motor de arranque reforçado e um alternador que só carrega quando para isso não tem que sobrecarregar o funcionamento do motor.

Até porque as capacidades da motorização 1.4 a gasolina e o escalonamento da respectiva caixa de cinco velocidades, apelam a uma condução tranquila se a intenção é realmente controlar os consumos; há potência, sim senhor, mas o binário está algures lá em cima, nas 5000 rpm, e quem desejar encontrá-la ou deixar-se tentar por explorar a boa arquitectura comportamental do conjunto, bem pode começar a penitenciar-se pelo (mau) ambiente que poderá deixar aos netos!

Quem não gostar ou achar desnecessário o seu uso, porque a média geralmente não abandona os 8 litros, existe sempre a possibilidade de desligar o sistema.



Projecto europeu


No restante e não é pouco, o conjunto Cee'd revela a importância de um projecto nascido na Europa para agradar a europeus: uma estética terrivelmente sedutora no caso concreto do "3 portas" — designado "S Coupe" em Portugal ou "pro_Cee'd" noutros mercados —, e um interior funcional, que beneficia do espaço que a boa largura e a elevada distância entre os eixos lhe proporcionam.

Acresce uma qualidade de materiais e de acabamentos ao nível dos padrões actuais.

Conduz-se e manobra-se bem, se bem que a visibilidade seja condicionada, nalguns ângulos, devido, por exemplo, à volumetria dos pilares dianteiros e dos próprios retrovisores. A ergonomia é boa, a funcional e a respeitante ao conforto proporcionado pelos bancos, que oferecem bom apoio para o corpo mas que pecam por necessitar de novos ajustes depois do acesso aos lugares traseiros. Os 340 litros de capacidade da mala são possíveis devido a um pneu de emergência fino.

A segurança, característica «cara» ao consumidor europeu, também não foi descurada, contendo de série seis airbags que ajudaram o Kia Cee'd a conquistar a classificação máxima nos testes de colisão Euroncap, ou até mesmo as 4 estrelas em 5 no que concerne à protecção de crianças.

A gama oferece uma garantia de 7 anos!

PREÇO, desde 18340 euros

MOTOR, 1396 cc, 109 cv às 6200 rpm, 137 Nm às 5000 rpm, 16 válvulas CONSUMOS, 7,0/5,0/5,8 l (extra-urbano/combinado/urbano)

EMISSÕES POLUENTES 137 g/km de CO2

ENSAIO: Mercedes-Benz C 250 CDI BlueEfficiency Prime Edition

Poupar tem neste caso um duplo sentido: economia de dinheiro nos valores de aquisição e nos consumos; poupança do ambiente através da redução de emissões poluentes. Mas felizmente, ao contrário do que acontece com modelos de outras marcas com idênticas preocupações ambientais, a Mercedes manteve ou incrementou mesmo as características dinâmicas das versões.

Honda Accord Tourer 2.2 i-DTEC

Belíssima

Parece questão mais ou menos consensual considerá-la como uma das carrinhas mais bonitas da classe e não só. Toda a sua silhueta é atraente, atlética e sensual, senhora de um equilíbrio e harmonia de linhas que concorrem para uma pose simultaneamente dinâmica, plena de charme e de prestígio

Com algumas honrosas e infelizes excepções, a Honda pode gabar-se de ser, entre as marcas japonesas, aquela cujo traço dos seus modelos mais facilmente agrada aos consumidores ocidentais.

Ora sendo a parte estética importante na hora de escolher um carro, há ainda que contar com outros factores de ordem mais racional, nomeadamente a relação preço/qualidade/equipamento, por exemplo, algo suficientemente abrangente e que no fundo pretende significar que, face ao preço de venda, o que recebemos em troca vale cada euro dispendido.

E como referi aquando do ensaio à versão sedan aqui analisada há semanas, mais uma vez, os carros do construtor japonês partem em vantagem por beneficiarem de uma boa reputação de robustez e fiabilidade.

Grande ma non troppo

Um dos factores que contribui para que o Accord facilmente se imponha é a sua volumetria. Cresceu face à geração anterior e embora não seja o maior da classe, o habitáculo parece e é suficientemente desafogado, nomeadamente para as pernas dos ocupantes do banco traseiro.

Neste aspecto não difere muito do sedan e não vale a pena por isso alongar muito. Refira-se que a capacidade da mala não constitui referência – cerca de 400 litros, inferior ao sedan –, com o rebatimento fácil do encosto destes bancos a gerar uma superfície quase plana que a volumetria dos pilares da suspensão impede maior amplitude a meio.

A mala, bem revestida, contém pequenos espaços fechados e ainda um compartimento sobre o pneu suplente que é de pequenas dimensões. Acresce de série uma rede retráctil para separar na vertical a zona da mala do restante, útil por questões de segurança.

Pujante é ainda o aspecto do tablier, igualmente desportivo no desenho e nas cores que alegram o fundo dos instrumentos. Funcional, o Accord não foge à posição de condução dos modelos da Honda, tipicamente baixa e com um manípulo da caixa de seis velocidades curto a inspirar trocas rápidas.

Andamento allegro

O Accord Tourer consegue ser surpreendentemente ágil face ao que as dimensões fariam supor. Pelo menos em estrada, onde uma suspensão que roça o desportivo confere um comportamento estável, seguro e quase irrepreensível das reacções.

É por isso que o conforto se ressente em parte, obviamente em piso irregular, mas a boa estrutura dos bancos ajuda a amortecer em parte. Já que refiro este aspecto, de salientar que face a um motor não particularmente silencioso, sobretudo a baixa rotação, o interior evidencia excelente insonorização.

Voltando ao comportamento, amortecedores traseiros que reagem de acordo com a carga e a generosa disponibilidade deste motor — que não sendo o mais "desportivo" nem o mais potente, não apenas não envergonha como é seguramente um dos mais económicos —, contribuem para um desempenho bastante consistente, equilibrado, capaz de inspirar bastante confiança e agradabilidade na sua condução.

PREÇO, desde 40000 euros

MOTOR, 2199 cc, 150 cv às 4000 r.p.m., 350 Nm às 2000/2500 r.p.m., 16 V., common rail, turbo de geometria variável, intercooler

CONSUMOS, 7,5/5,0/5,9 l (cidade/estrada/misto)

EMISSÕES POLUENTES 155 g/km de CO2

Seguramente um dos aspectos em que este novo Honda Accord mais se destaca é na área da tecnologia voltada para a segurança. Entre o equipamento opcional, conta-se o Sistema Avançado de Assistência à Condução (ADAS) que tenta automaticamente corrigir a trajectória do veículo com a ajuda de uma pequena câmara instalada no vidro posterior. A LKAS (Lane Keeping Assist System) detecta os traços no pavimento para mantê-lo dentro da faixa de rodagem.

O controlo da velocidade de cruzeiro adaptável (ACC - Adaptive Cruise Control) utiliza um radar de ondas milimétricas para assegurar uma distância constante em relação ao veículo da frente. Funcionando em conjunto com o sistema de travagem atenuante de colisões (CMBS - Collision Mitigation Brake System), monitoriza a distância e a relação de aproximação com o automóvel da frente, ajudando a reduzir as consequências de uma colisão.

Os avisos podem acontecer de forma sonora ou visual no painel de bordo e ainda por esticão do cinto de segurança do condutor.

Mazda 6 2.2 MZR CD/185 cv


Ponto de fuga


Há fugas que, quando possíveis, são quase uma necessidade: as escapadelas por lazer ao fim de semana ou mais alguns dias, para descanso e retemperar das forças, que também podem servir para descoberta da nossa história, geografia, usos e costumes, enfim tudo o que há de melhor em Portugal.

Qualquer que seja o objectivo, Évora é, certamente, um dos melhores destinos que existe.


Património de todos

Évora município, Évora cidade ou até Évora e o seu centro histórico, justamente considerado património da humanidade pela Unesco, têm muito para oferecer.

Mesmo quando a ela se chega rapidamente, por exemplo, pela auto-estrada que liga Lisboa a Elvas — e consequentemente à fronteira espanhola —, ou para o efeito se dispõe de um Mazda 6 dotado do novíssimo motor diesel 2.2 com 185 cv de potência.

Para quem já gostava deste modelo, um dos mais equilibrados da sua categoria e dos mais económicos na relação preço/qualidade/consumos, mais ainda me rendi perante esta sedutora versão. Não tanto pelos subtis pormenores que a diferenciam, porque é a unidade motriz quem mais se destaca. Concebida a partir do bloco 2.0 e, em Portugal, disponível apenas na sua versão mais potente e num único nível de equipamento – Sport –, os novos parâmetros de injecção e de funcionamento do turbo tornaram-no também mais eficaz ao nível dos consumos.



Economia

No segmento não têm concorrência em matéria de consumos para este nível de potência e, se já era um dos mais acessíveis da categoria, o preço deste 2.2 pouco mais acresce ao do modelo de 2,0 l que a seu tempo substituirá por completo.

No total da viagem, as médias não se desviaram muito das indicadas pelo construtor. Grande parte da responsabilidade cabe ao binário que "chega" mais cedo e ao escalonamento da caixa de seis velocidades.

Foi interessante constatar como um carro destas dimensões se manobra bem nalgumas intrincadas ruelas do interior das muralhas.

Agradável de conduzir em cidade evidencia mais facilmente a sua vivacidade em estrada. A afinação desportiva da suspensão confere-lhe um comportamento estável e preciso em velocidade, enquanto que o desempenho em curva não deixa créditos em mãos alheias. Rápido, o conjunto não esconde ser mais vocacionado para quem aprecia uma condução dinâmica, do que para quem privilegia o conforto.





Sedução

Não há falta do que ver ou fazer num local com tanta história. A cada passo um pormenor, inevitavelmente o templo romano, ex-libris de Évora e erradamente designado como "de Diana". Obviamente também a Sé Catedral, a Capela dos Ossos ou a Igreja dos Lóios, ao lado da Pousada com o mesmo nome, o edifício da Universidade ou simplesmente deixarmo-nos levar pelo olhar e pela vontade.

Com raízes que remontam ao Império romano, o centro de Évora sofre influência de outras culturas e civilizações: Celta, Árabe, Judia e Cristã, mas fora do burgo existem vestígios que remontam a eras anteriores. O cromeleque e o menir dos Almendres, a 12 km, remontam a fases do neolítico, provavelmente entre o sexto e o terceiro milénio antes de Cristo.

Bem mais recente e actual é o habitáculo do Mazda 6. Espaçoso e igualmente sedutor e desportivo, tem na funcionalidade e na qualidade dos acabamentos os seus melhores trunfos.

A excelente posição de condução e a ergonomia dos bancos ajudam a tornar confortável uma suspensão que por vezes se mostra mais "seca" a amortecer as irregularidades.

Exceptuando a posição, demasiado para a direita, do travão de mão —, a colocação e visibilidade dos comandos contribuem para o agrado da sua condução. Realce para o excelente sistema de som Bose, cujo uso, nesta versão, pode ser mais apreciado, já que este motor é mais silencioso do que o 2,0 l.



PREÇO, desde 38600 euros

MOTOR, 2184 cc, 185 cv às 3500 rpm, 400 Nm das 1800 às 3000 rpm, 16V, common rail, turbo com geometria variável, intercooler e filtro de partículas

CONSUMOS, 7,1/4,7/5,6 l (cidade/estrada/misto)

EMISSÕES POLUENTES 149 g/km de CO2




Évora pode ser também o epicentro de uma viagem por esta belíssima região do Alentejo. Alqueva fica perto, mas também lugares históricos e turísticos como Arraiolos, Estremoz e Vila Viçosa, por exemplo.

A hotelaria e a restauração contemplam todas as bolsas, sendo que a Pousada de Portugal, mesmo no centro, um dos extremos mais emblemático.

Em zona mais calma, até para estacionar, fora de muralhas, existem outras possibilidades de alojamento.

É o caso do Hotel D. Fernando, simpática unidade de três estrelas localizada numa das principais vias do exterior, mas a poucos minutos a pé do centro. Com mais de uma centena de quartos, uma bem protegida piscina externa e de um restaurante onde se degusta o melhor da gastronomia alentejana, a sua decoração oscila entre o moderno e o tradicional da região.

Do Hotel é possível programar actividades de lazer como passeios a cavalo, de bicicleta ou de jipe ou até acelerar no famosíssimo kartódromo de Évora.