ENSAIO: Sony Ericsson Xperia Play, para jogar e fazer muito mais em qualquer lugar

Lá vai o tempo em que um telemóvel servia apenas para fazer e receber chamadas ou enviar curtas mensagens de texto. Os novos smarphones tem mil e uma funções, mas nenhuma marca levou tão longe o conceito de entretenimento como a SonyEricsson. Pelo menos até agora.
Embora o texto que se segue tenha sido publicado por alturas do lançamento do Sony Ericsson Xperia Play, ele é é válido também para toda a linha "Xperia Play" da associação, entretanto desfeita, entre as marcas Sony e Ericsson. O "Play" alia uma pequena máquina de jogos, uma playstation portátil à capacidade de um terminal telemóvel com características de smartphone, logo, com máquina fotográfica ou de filmar incorporada, acesso à internet e sistema de navegação incluídos.
Com tantas características e funcionalidades, o Sony Ericsson Xperia Play pode ainda fazer as vezes de uma tablet, graças ao ecrã que, apenas com 4 polegadas (3,7'' no "Neo"), tem uma belíssima definição. Navega com velocidade na internet e oferece uma quantidade infindável de jogos e aplicações grátis, já que o sistema operativo é o Android. As únicas contrariedades começam com a letra P: peso e preço.
O Sony Ericsson Xperia Play pesa 175 gramas, o que é muito, mesmo para um smartphone. O iPhone 4, por exemplo, pesa cerca de 140 g, embora o Xperia Play pese sensivelmente o mesmo, ou até menos, do que uma playstation portátil (PSP). Parte desse peso deve-o ao ecrã amplo, mas também à configuração e estrutura do próprio telefone. E, claro, à bateria de 1500 mAh.
Tal como o "Neo", o "Play" serve-se de um processador de 1Mhz e tem 512 Mb de memória Ram.



Jogar, jogar, jogar...

Para não correr o risco de dispersar muito a análise do aparelho, o melhor é cingir o ensaio às suas funcionalidades principais. Começando, desde logo, pela razão da sua criação: uma máquina de jogos portátil.
Para aceder aos comandos que transformam o Sony Ericsson Xperia Play numa playstation portátil basta fazer deslizar (em slide) a sua parte superior (que contém o ecrã) para a direita ou a inferior em sentido contrário.


Comandos
Clique para ler a posição dos comandos
Os comandos que este movimento revela são muito semelhantes aos de uma PSP, com excepção dos dois círculos centrais. Correspondem a duas pequenas colunas estéreo, com capacidade suficiente para acompanhar os jogos ou ouvir música em ambientes pouco ruidosos. Caso contrário é recomendável o uso dos auscultadores.
Outros dois comandos encontram-se alojados na parte lateral do telefone. Quando aberta a consola de jogos e depois de rodado o aparelho, esses “gatilhos” ficam comodamente ao alcance dos dois dedos indicadores.
Clique para ler a posição dos comandos
Aqui surge o primeiro (e aparentemente único) factor de contratempo durante um jogo: o botão de ligar/desligar o Xperia Play fica de tal forma exposto que, quando o jogador se entusiasma, a tendência é para o pressionar de forma involuntária. Isso provoca a interrupção do jogo, embora depois possa ser retomado sem perda dos dados até então acumulados.
O modo como os indicadores se posicionam ajuda a equilibrar a diferença de peso gerada pelo telefone "aberto", servindo de apoio à parte que contém o ecrã.
No final do texto é possível encontrar imagens gráficas com uma descrição mais pormenorizadas dos comandos e sobre a localização de alguns componentes essenciais.

Qualidade do ecrã

Mais do que a sua capacidade ou rapidez enquanto consola de jogos, outro aspecto bastante importante é a qualidade do ecrã. Os dezasseis milhões de cores anunciados são uma promessa de riqueza de gráficos, mas de pouco valeriam se este fosse sujeito a incómodos reflexos que prejudicassem ou diminuíssem o ângulo de visão.
Na maioria dos casos – e com mais do que um utilizador a comprová-lo – a consola obteve uma nota bastante positiva, embora a visibilidade acabe por ficar condicionada sob sol ou luz mais intensa. O facto da placa que reveste o ecrã TFT parecer vidro, provavelmente com algum tratamento anti-reflexo, é também garantia de ser menos sujeita a riscos com o uso intensivo.
O que já não acontece com a tampa traseira, pouco cómoda de colocar, mas sobretudo de retirar, produzida num plástico que parece frágil e muito pouco resistente aos riscos.
Alguns jogos beneficiam da circunstância de certas funções e comandos de jogo, bem como o acerto das definições iniciais, serem possíveis de realizar através no ecrã táctil, coisa que não acontece com a Playstation portátil.

Duração da bateria e comunicação

Com 1500 mAh não se esperem grandes milagres. Ainda assim, o Sony Ericsson Xperia Play é capaz de permitir cerca de 7 horas de jogo, com algumas ligeiras interrupções pelo meio.
O que é fantástico, embora tal dependa naturalmente de diversas circunstâncias: o facto de estar ou não a ser jogado online com outros utilizadores (o Wi-Fi e o Bluetooth consomem energia) ou a própria complexidade do jogo obrigar a variar muito o brilho do ecrã ou requerer um desempenho maior do processador e da memória.
Pode também acontecer que, após vários dias a jogar e a utilizar o Xperia Play noutras funções, os jogos comecem a correr mais lentamente ou até mesmo a sofrer bloqueios. Neste caso, o primeiro passo é proceder como se se tratasse (efectivamente até é...) de um computador: sair e entrar de novo, que é como quem diz desligar o aparelho e voltar a ligá-lo para fazer reiniciar o sistema.
Interessante a faculdade de jogar alguns jogos online, em competição com utilizadores de qualquer parte do Mundo ou somente em confronto com aparelhos que se encontrem nas proximidades.
Para o primeiro caso, mas também quando se efectua o download de novos jogos ou outras aplicações, é de toda a vantagem utilizar o Wi-Fi. Não só para evitar “estoirar” o saldo do pacote de dados (se for o caso), mas também porque permite uma velocidade de navegação superior à própria rede 3G. Além de ser decisivo para manter a fluidez de qualquer competição online.
Neste aspecto comporta-se como qualquer recente consola de jogos que disponha dessa funcionalidade.


Jogos disponíveis

São imensos. Porque, como foi referido no início, o Sony Ericsson Xperia Play tem instalado o Andoid 2.3, um sistema operativo desenvolvido pelo Google que tem a grande vantagem de ser “open source”.
Ou seja, é um sistema de código aberto que permite a qualquer um desenvolver aplicações e jogos que “corram” sobre ele.
O “Android Market” é, por conseguinte, um mundo vasto e em permanente actualização. É contudo importante alertar para o facto de algumas das aplicações que estão disponíveis terem muito pouca ou nenhuma utilidade válida, servindo, quanto muito, para tornar mais lento o funcionamento do aparelho ou até gerando conflitos entre aplicações.
Mas a tentação é grande, até porque muitos jogos e aplicações mais simples são gratuitos ou custam poucos euros.
Mas não todos, nomeadamente alguns dos mais conhecidos dos amantes das consolas. Parte dos mais importantes (e mais procurados) vêm instalados no aparelho: FIFA 2010, Star Battalion, SIMS 3, Bruce Lee e Tetris. Outros dois são disponibilizados gratuitamente por download: Asphalt e Crash Bandicoot. A maioria dos jogos não gratuitos e mais complexos custa entre 5 e 25 euros, dependendo de quem os concebe e do factor novidade.

Comunicação de dados e voz

"Espantosamente", apesar de toda a sua complexidade técnica, "também" faz e recebe chamadas, incluindo de vídeo (dependendo da qualidade da rede), envia e recebe MMS com imagens ou pequenos vídeos. Converte-os e compacta-os rapidamente para facilitar o envio.
Durante as chamadas de voz, no aparelho testado, uns dos de pré-série, eram audíveis pequenos estalidos que interferiam na comunicação e que eram perceptíveis até mesmo para o outro interlocutor. O ruído mantinha-se com o uso do auricular e desaparecia com o telefone completamente imóvel. Suspeito que a origem de tal interferência pudesse ter a ver com algum mau contacto do sistema de “slide”, desconhecendo se esta deficiência se manifestou em mais aparelhos.
Por isso, caso o leitor tenha conhecimento deste ou de outro facto relacionado com o aparelho, agradece-se o envio dessa informação.

Câmara Fotográfica e vídeo

O XPeria Play oferece uma espantosa câmara fotográfica de 5 Mpx e de vídeo (800 x 480 px), modelo R800i. Poderá não ter a mesma fidelidade gráfica que encontrei nalguns terminais da Samsung, com resolução idêntica, mas fica muito pouco atrás nesse aspecto.

No XPeria Neo a resolução é de 8 Mpx mas os resultados não são exponencialmente muito melhores do que os obtidos no "Play".
O sistema funciona em modo automático com as definições básicas, mas permite afinações individuais de foco, exposição ou equilíbrio de brancos, consoante a fonte de luz. Como possui um pequeno flash led, este pode também permanecer em modo automático ou não.
Uma câmara frontal serve para as chamadas de video. Ao funcionar com a câmara traseira, torna-se muito fácil alternar entre o modo fotográfico ou o modo vídeo. Menos prático revela-se, em algumas ocasiões, a colocação do botão de disparo, típico do sistema Android. É que este fica situado no próprio ecrã do aparelho, o que obriga a cuidados redobrados quando se segura o telemóvel, já que a objectiva e a luz de flash estão colocadas muito próximo de um dos cantos do aparelho.
Desde que esteja activado o sistema de localização, pode funcionar em simultâneo com o GPS, armazenando nos dados da foto informações como as coordenadas geográficas e a altitude, por exemplo. Ao serem transferidas para um computador, isso irá permitir, através da internet, perceber a localização exacta do local onde as mesmas foram efectuadas. Por outro lado facilita a partilha através das redes sociais, podendo mesmo de antemão ser seleccionada a qualidade do vídeo para esse efeito.
Gostei particularmente da estabilidade da câmara, da rapidez de foco e da execução da própria foto. Ficam alguns resultados, sem qualquer tratamento e nas dimensões reais das imagens.


Interior. Luz fluorescente. ISO 125, 1/60, flash
Distância de focagem mais pequena. Luz Solar. ISO 40, 1/250
Exterior. Luz Solar. ISO 40, 1/125
Exterior. Céu nublado. ISO 40. 1/1000
Exterior. Luz solar com reflexo de água. ISO 40, 1/1000
Paisagem. Luz solar. ISO 40, 1/1000 
Android implica Google

O Android já é líder de mercado entre os sistemas operativos móveis, incluindo nos Estados Unidos onde até agora reinavam o iOS da Apple e o Blackberry OS.
A facilidade do seu uso, a par do facto de ser gratuito, mas também por ter por detrás um grande grupo como é o Google, contribui bastante para a sua divulgação.
Mas isso também significa que todo o aparelho está preparado - e vocacionado - para se integrar com os serviços fornecidos pela Google, sendo que alguns dos mais conhecidos são o Gmail, o Google Talk, o Picasa, a agenda e a gestão de contactos. Para ter o acesso a algumas funcionalidades torna-se imperativo possuir uma conta Google, nomeadamente para aceder ao "Play Store" e puxar novos jogos e aplicações que aqui se encontram.
Está claro que o acesso e a gestão são muito fáceis e revelam uma enorme funcionalidade, mas convém ter a noção de que a conta está sempre exposta, o que pode causar embaraço em caso de perda ou furto do telemóvel.
Na verdade podemos sempre alterar a password de acesso no caso disso acontecer. Mas alguns dados anteriores vão ainda assim permanecer acessíveis. Por outro lado, no caso de querer alterar-se - ou até anular a conta -, isso vai implicar perder alguns dados pessoais que estejam no telefone. Ao obrigar a redefinir o telemóvel para a configuração original vão desaparecer todos os dados do armazenamento interno do telefone, incluindo a(s) contas Google, dados e configurações do sistema e aplicativos, incluindo os que entretanto tenham sido acrescentados.
Felizmente deixa de fora tudo o que se encontra armazenado no cartão de memória, embora exista a opção de os apagar em simultâneo com esta tarefa.
No entanto, é importante referir a possibilidade de poder efectuar-se o backup dos dados existentes no aparelho - nomeadamente aplicativos de backup, senhas de rede Wi-Fi e outras configurações - nos servidores do Google.

Capacidade de navegação internet

Só faz sentido possuir um aparelho como este - e em geral qualquer smartphone - desde que se disponha de uma ligação permanente à internet.
A velocidade de navegação é realmente impressionante. Claro está que desde que isso aconteça em rede 3G ou em modo Wi-Fi. No ambiente de trabalho, personalizável como o de um qualquer PC, é possível incluir uma muito útil barra de pesquisa do Google, o que facilita muito a maioria das tarefas de acesso.
Os "Xperia" estão equipado com o SO Android em versões mais recentes que permitem correr Java e Flash Player sem qualquer complicação, duas linguagens presentes em muitas páginas internet.
Para além do natural constrangimento de um ecrã de 4 polegadas e de um teclado táctil, a navegação não levanta qualquer problema. Nas definições é possível recorrer a funcionalidades básicas de zoom (incluindo tamanho do texto), ajustamentos do tamanho das páginas ao ecrã, eliminação dos dados de navegação como a limpeza da cache, histórico, dados de formulário ou passwords e até o bloqueio de pop-ups.
Outra faculdade bastante útil é o aumento (ou redução) do tamanho da página que se está a visualizar (zoom) que pode ser feito, directamente sobre o ecrã, numa pequena barra que surge ao fundo deste, ou então, de um modo mais fácil, afastando ou aproximando dois dedos (geralmente o polegar e o indicador).
Para facilitar a pesquisa pode permitir-se que os sites tenham acesso à localização do aparelho.
A visibilidade das páginas tanto pode ser feita no modo horizontal como vertical, com os normais constrangimentos de luminosidade e reflexo.


Música e muito bom som 

Igualmente apreciada é a capacidade musical destes aparelhos. Oferecem uma grande qualidade sonora, quer através de auscultadores ligados à sua ficha de 3,5 mm, quer a proveniente dos pequenos altifalantes localizados na área dos comandos de jogo.
Mas os Sony Ericsson XPeria dispõem ainda de uma curiosa aplicação bastante interessante: o TrackID, patente da Sony Ericsson, que reconhece a música que está a tocar (no rádio, na TV, na loja...) e rapidamente vai à procura de informações sobre ela na internet. Nomeadamente intérprete, nome da canção e álbum a que pertence, permitindo ainda procurá-la no YouTube, compartilhá-la através de uma rede social, enviá-la por email ou SMS e até fazer o seu download após a compra numa loja online.
Realmente impressionante, capaz de deslumbrar qualquer um! O reconhecimento de música TrackID™ funciona com a base de dados de música Gracenote, que inclui mais de 2,5 milhões de músicas pelo que existem grandes hipóteses de conseguir um resultado.
Também não adianta cantar ou trautear uma música para o telemóvel. A menos que tenha uma qualidades vocais incríveis, o mais que arrisca é fazer figura de parvo(a).

GPS e sistema de navegação

Este serviço baseia-se pois no sistema de mapas disponibilizado pelo Google, mas nada impede o utilizador de obter recorrer a qualquer outro desenvolvido para o sistema Android.
Quanto ao da Google é uma semi-desilusão quando utilizado como sistema de navegação automóvel: lento, nem sempre preciso, nem sempre completo e actualizado, cumpre os serviços mínimos e serve para uma utilização nem muito exigente, nem muito precisa.
Existe também um sistema de navegação ainda em fase beta também desenvolvido pelo Google que permite, inclusive, introduzir o destino por voz.
Mas embora não se mostre o ideal para uso automóvel (apesar de dispor de um belíssimo ecrã) serve para indicar a localização do aparelho, fornecer as coordenadas geográficas e permite a orientação por bússola. E tal como um sistema de navegação "normal", pesquisar nas proximidades por instalações de restauração, de alojamento, postos de combustível, locais de entretenimento, serviços de saúde, etc, etc, etc...
Importa contudo reter que este sistema de navegação está agregado a outras funcionalidades, como é o caso já anteriormente referido da localização geográfica das fotografias efectuadas.

Considerações finais

O Sony Ericsson contempla ainda outras funcionalidades que tornariam ainda mais exaustiva e fastidiosa esta análise. A volumetria e o peso afastam-no de quem procura apenas um smartphone para outras tarefas que não sejam essencialmente jogar. Porque essa é a sua vocação principal.
Contudo, a possibilidade de ensaio a este terminal permitiu perceber a real dimensão da evolução de aparelhos deste calibre. O iPhone pode continuar a ser um telemóvel de culto - e por isso ter uma legião fiel de fãs -, mas marcas como a Sony Ericsson, por um preço inferior, são capazes de oferecerem uma qualidade e funcionalidade idênticas e, nalguns casos, até superior. Por menos, repita-se.
O tempo de recarga da bateria é de 2 a 3 horas, ou mais ainda se a fonte de alimentação for o computador. Sem jogar, e utilizando o aparelho apenas como telemóvel e para um acesso não muito intensivo à internet, a sua capacidade ultrapassa, sem esforço, as 24 horas. Pode mesmo conservar-se praticamente 2 dias.
Um smartphone é um aparelho social. Isto significa permitir ao seu utilizador manter-se em contacto permanente com várias redes sociais de amigos ou até profissional, ter acesso constante às suas caixas de correio electrónico ou efectuar pesquisas rápidas e em qualquer lugar, a serviços, a dados, a qualquer tipo de informação que esteja disponível através da internet.
Embora o acesso a esta possa ser feito por WI-FI, isso implica ter disponível uma rede aberta que o permita. O que nem sempre acontece. É por isso que a aquisição de um aparelho destes só faz sentido com a adesão a um plano de dados, cuja dimensão poderá variar consoante a utilização que vier a ser dada ao terminal.

É possível consultar AQUI mais dados técnicos e características do Sony Ericsson Xperia Play, recolhidos por altura da sua apresentação.


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