ENSAIO: Gama Volvo V40 (T4/179 cv, D2/115 cv, D4/177 cv)

Apesar do V de “Variant” na designação não é propriamente de uma carrinha que estamos a falar. Será certamente mais apropriado considerá-lo um “5 portas”, justificando-se o nome apenas por razões comerciais. Para o caso pouco importa: o V40 é um carro com qualidades suficientes para afrontar modelos como o novo Classe A da Mercedes, o Série 1 da BMW ou o novo Audi A3. E, como é habitual em cada novo modelo da marca, traz uma inovação em termos de segurança: um airbag para peões.
A marca sueca tem vindo a demonstrar uma firme intenção de concorrer directamente com as marcas líderes do segmento de prestígio. Nas mãos de capital chinês, os investidores têm felizmente permitido à Volvo manter todo o “pedigree” de segurança, robustez e qualidade que a tornaram numa grande marca, dotando-a, em simultâneo, de meios para evoluir e acompanhar as novas exigências do mercado.
Pode dizer-se que o V40 é o primeiro produto quase inteiramente concebido desde essa intervenção, apesar da impressão de ser uma versão encurtada da série 60. Com 4,37 metros, este compacto modelo é direccionado para gente nova e apressada, que privilegia a dinâmica em prol do espaço ou de uma utilização mais familiar.
O V40 tem por isso poucas semelhanças com o conceito anterior que recebeu esta mesma designação. Aliás, a antiga V40 evoluiu para V50 (ler AQUI o ensaio) que, fruto de uma agressiva campanha comercial e de um conjunto saudável de atributos, mantém uma carreira comercial bastante satisfatória.

Segurança em evidência

Marca por muitos encarada ainda como conservadora, a Volvo tem feito bastante para se afastar dessa avaliação, ao criar produtos inovadores, arrojados e cativantes.
O V40 é exemplo disso mesmo, contribuindo ainda para reforçar a imagem de segurança que sempre caracterizou todos os automóveis do construtor.
O carro pode conter tudo o que, em termos de equipamento de segurança ou auxílio à condução existe. De série está presente o sistema City Safety, que detecta a aproximação a um obstáculo (um carro parado ou em movimento), avisa, tenta evitar ou reduz as consequências do embate, no caso de não existir qualquer reacção da parte do condutor.
Opcionalmente pode ser acrescentado um módulo para a detecção de peões.
Consoante o nível de equipamento – Kinetic, Momentum ou Summum – poderá ainda dispor de itens como leitura de sinais de trânsito, faróis adaptáveis em função da luminosidade, velocidade de cruzeiro activa (controla a distância em relação ao veículo da frente) e outros sinais de alerta como a detecção de objectos no ângulo morto do espelho ou a transposição involuntária da faixa de rodagem.
Em termos de segurança passiva, pode igualmente ser equipado com airbag para os joelhos, embora a grande novidade seja mesmo a primeira almofada de ar para a protecção de peões (ler AQUI como funciona).
É importante salientar que a existência deste equipamento leva algumas seguradoras a efectuarem descontos sobre o prémio cobrado pelo seguro da viatura.

Qualidade “premium” e inovação

Se é verdade que o V40 mostra ser mais um passo no sentido de se aproximar de marcas “premium”, a Volvo pretende igualmente cativar novos clientes que se encontram no segmento médio familiar das marcas generalistas.
Para isso oferece em acréscimo prestígio, qualidade e equipamento por um preço que não é muito mais elevado, além do prazer que habitualmente representa conduzir um Volvo.
Com uma boa posição de condução em matéria de visibilidade ou acesso aos principais comandos, apenas no início a ergonomia dos assentos dianteiros requer alguma habituação. Não existem também grandes novidades em termos de design do interior, excepção feita ao painel de instrumentos que é capaz de alternar consoante a vontade do condutor.
Este novo painel de instrumentos pode ser integralmente gráfico (é uma opção que faz parte do pacote “Style” e custa €450) apresenta um “layout” personalizável, que vai do estilo mais clássico ao mais desportivo. O condutor pode alternar entre três modos distintos - Elegance, Eco e Performance – fazendo variar as informações, a forma como estas são apresentadas e a cor da iluminação deste painel.
No restante mantém-se a silhueta inconfundível do tablier de um Volvo, sobretudo ao nível dos comandos da sua parte central ou do espaço que é oferecido atrás deste.
Para tornar mais fácil a sua condução em cidade, nomeadamente durante o estacionamento, pode dispor de sensores de estacionamento, sistema de parqueamento automático ou câmara com visão à retaguarda.

Pouco familiar em termos de espaço

Em matéria de habitabilidade, o banco traseiro privilegia a presença de dois adultos de estatura não muito elevada (a menos que lhes seja reservado mais espaço para as pernas com o avanço dos bancos dianteiros), que podem beneficiar integralmente da panorâmica de um tejadilho em vidro que ocupa praticamente toda a superfície superior.
Este tejadilho é uma opção (€1168), dispõe de cortina eléctrica para proteger os ocupantes do sol e acrescenta uns escassos centímetros à altura do interior.
A mala, com 335 litros, fica longe do que é suposto uma carrinha dispor. Quer o acesso como a esquadria mostram que é mais indicada para as necessidades de dois ocupantes do que para um uso mais familiar.

Comportamento e presença dinâmica

A forma compacta e a plataforma dinâmica sobre a qual assenta conferem ao V40 uma atitude em estrada e um desempenho capaz de contentar diferentes estilos de condução.
Desde a mais económica e menos poluente versão D2 1.6 DRIVe, com emissões de somente 94g/km (a partir de 28 mil euros), até à potente e agressiva versão a gasolina de 180 cv (T4), com motor turbo de igualmente 1,6 litros.
Conduzido nas três versões actualmente presentes no mercado português (a outra é o 2.0 D4 de 177 cv), não restam dúvidas que elas apresentam comportamentos e interesses bem distintos.
Sempre seguras e previsíveis, neste campo auxiliadas pelo equipamento de auxílio à condução. Em qualquer delas a insonorização e o conforto acompanham a vocação do modelo: mais perceptível a sonoridade do motor a gasolina e com uma suspensão mais seca a amortecer as irregularidades do piso, maior suavidade no caso das versões a gasóleo. Permanece a percepção do ruído dos motores diesel ao ralenti.
Por causa da forma da consola central e da caixa localizada entre os bancos, pode acontecer algum embaraço do cotovelo ou do braço que comanda o manípulo curto da caixa de velocidades.

Atitudes e vocações distintas

Enquanto o potente motor a gasolina é aquele que naturalmente permite retirar melhor partido do chassis ágil e de uma estrutura que se revela bastante equilibrada, as versões a gasóleo impõem a economia como trunfo principal.
Quer se encontre equipado com o conhecido bloco de 115 cv ou com o penta cilíndrico 2.0 de 177 cv, é sobre estes que recai o interesse dos consumidores portugueses.
Em matéria de consumos os dois motores não apresentam valores substancialmente diferentes, mas a carga fiscal que incide sobre a cilindrada e sobre o baixo valor de emissões tornam naturalmente mais atraente a versão 1.6 Drive com 115 cv. E se ela mostra competência suficiente para um uso mais urbano e pouco exigente em matéria de condução, o mais equilibrado dos dois desejos (economia e desempenho) evidencia-se no motor diesel com 5 cilindros.
A versão D4, a mais potente a gasóleo presente no mercado nacional, com 177 cv, impõe o poderoso e rapidamente acessível binário para garantir uma condução despachada q.b., mas simultaneamente muito acessível e suave graças a uma caixa de velocidades com relações muito equilibradas e ponderadas nos consumos.
A média final deste ensaio superou ligeiramente os seis litros. Mas este valor é seguramente enganador face à pouca quilometragem da unidade ensaiada e ao facto de a condução ter sido predominantemente urbana ou com andamento rápido em estrada.
Todos os motores disponíveis apresentam sistema Stop/Start desligável e relativamente rápido. No caso da temperatura exterior ser elevada e o ar condicionado estar ligado o sistema não interrompe o funcionamento do motor.

Dados mais importantes - 1.6 DRIVe
Preços desde
28.150 euros
Motor
1560 cc, 8V, 115 cv às 3600rpm, 270/285 Nm das 1750 às 2500 rpm, common rail, turbo, geometria variável, intercooler
Prestações
190 km/h, 12,3 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
3,6 / 3,4 / 4,0 litros
Emissões Poluentes (CO2)
94 a 99 gr/km
*

Dados mais importantes - 2.0 D4
Preços desde34.650 euros
Motor1984 cc, 5 cil/20 V, 177 cv às 3500rpm, 400 Nm das 1750 às 2750 rpm, common rail, turbo, geometria variável, intercooler
Prestações220 km/h, 8,6 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)4,3 / 3,8 / 5,3 litros
Emissões Poluentes (CO2)117 gr/km
*
Dados mais importantes - 1.6 T4
Preços desde
32.955 euros
Motor
1596 cc, 8V, 180 cv às 5700rpm, 240 Nm das 1600 às 5000 rpm, injecção directa, turbo
Prestações
225 km/h, 7,7 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
5,5 / 4,7 / 7,0 litros
Emissões Poluentes (CO2)
138 gr/km

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