Dodge Journey 2.0 CRD

Dualidade de conceito

Embora não tenha tracção integral, as linhas puras e agressivas sugerem um todo o terreno. No interior, sete (bons) lugares aproximam-no de um monovolume. Camaleónico, possui motor diesel da VW e um preço bastante convidativo

Resultado de um cruzamento de conceitos, o Journey assume a forma básica de um SUV. Tem múltiplas funções: familiar nos seus sete lugares, no espaço interior e na modularidade, tem o aspecto robusto e a altura que se espera de um todo-o-terreno ligeiro. Só que, na modalidade vendida em Portugal, possui apenas tracção dianteira.
Interiormente faz valer as dimensões exteriores (4,9 m por 1,83m de largura) para disponibilizar sete lugares. Os 2 traseiros, escamoteáveis, são mais amplos do que o habitual, e têm o acesso facilitado graças à deslocação dos bancos laterais da segunda fila, que integram ainda assento elevatório para crianças.
Como é habitual nestes casos, perde-se boa parte da capacidade da mala, que varia entre os 155 litros com os sete lugares montados e mais de 700 na versão de cinco.


Espaço familiar

A competência do interior é o seu forte. Para além de amplo, o Journey agrada pela boa qualidade dos revestimentos e pela disponibilidade de muitos espaços para pequenos objectos, até mesmo aos pés dos ocupantes da fila central. A funcionalidade de certo equipamento não é intuitiva e requer habituação prévia. É o caso do novo sistema integrado de som, com memória para centenas de ficheiros de música e ecrã táctil, posicionado agora numa posição mais baixa, que o torna menos prático de operar e prejudicado ainda por reflexos em determinadas condições.
Uma boa compleição dos bancos e a posição de condução agradam em matéria de conforto. No entanto, em manobra e até mesmo durante a condução, a visibilidade não é a melhor; para a garantir aos restantes ocupantes, os bancos traseiros estão amais altos do que os dianteiros e, condicionado ainda por encostos de cabeça volumosos, ao condutor pouco mais resta do que orientar-se pelos retrovisores exteriores ou, quando é o caso, pela câmara de estacionamento traseira que projecta imagem no ecrã antes referido.
Este equipamento extra faz parte do novo sistema de navegação, que inclui a referida câmara, "bluetooth", disco rígido e subwoofer de 368 W, por 1750 euros. Outro "pack", o "Multimédia" (ecrã no tejadilho interior, auriculares sem fios e controlo remoto de cinema), custa 1350 euros.



Condução máscula

Equipado com uma caixa de seis velocidades manual (existe também uma automática por mais 2000 €) e um motor diesel da germânica VW, o Dodge Journey tem alturas em que revela alguma falta de voluntarismo. Avesso a baixas rotações, obriga a elevar o regime acima das 2000 rpm, de modo a conseguir-se alcançar uma resposta que esteja à altura do conjunto.
Um pedal de embraiagem rijo, torna algo cansativa a sua condução em cidade, apesar do auxílio ao arranque em subida, que atrasa o "destravar" do carro umas fracções de segundo.
Quase que bastam dois ocupantes, para que o Journey atinja as duas toneladas. É por isso legitimo que, à partida, se suspeite das capacidades deste motor. Mas o facto é que, tirando o pequeno hiato atrás referido, ele acaba por dar boa conta de si; "trabalhando" convenientemente a caixa de velocidades, consegue obter-se a necessária ligeireza nas recuperações e manter até médias elevadas, sem uma penalização excessivas dos consumos.
Uma suspensão mais macia contribui para o conforto, sem retirar prazer à condução. O Journey mostra-se suficientemente estável em velocidades altas, pouco ou nada se ressentindo da acção de ventos, excepto à passagem sobre os volumosos retrovisores exteriores. Mesmo assim obriga a refrear os ânimos em curvas mais apertadas.

PREÇO, desde 33500 euros MOTOR, 1968 cc, 140 cv às 4000 rpm, 310 Nm das 1750 às 2500 rpm, 16 V, sistema injector/bomba CONSUMOS, 8,4/5,4/6,5 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 170 g/km

Não te percas papá!


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80.º Salão Internacional do Automóvel de Genebra

Sob o signo da esperança

Eis o primeiro grande evento europeu do ano no sector automóvel!
Embora muitos construtores passem por períodos conturbados, devido à actual conjuntura económica e não só, o "glamour" que envolve a exposição e a quantidade de novidades expostas — cerca de 100 —, parecem indiciar uma grande confiança na retoma do mercado.
Quase todos quiseram marcar presença no salão suíço e mostrar, além dos novos modelos e versões que durante o ano irão chegar, as tendências futuras em termos de segurança, conforto, funcionalidade e, sobretudo, economia.

(cartaz do emblemático ano de 1939 só porque é bem mais bonito do que o deste ano...)

Sendo certo que em 2009 muitos governos europeus subsidiaram a compra de novos veículos, garantindo deste modo a viabilidade de alguns construtores, tal situação não poderia perdurar para o bem das respectivas contas públicas. Até porque, alguns casos, como o alemão, se suspeita que possam ter sido desrespeitadas regras de concorrência.

A nova aposta passa portanto por apoios estatais à compra de modelos com preocupações ambientais, ou seja, com baixas emissões poluentes, híbridos e, claro está, eléctricos. Se há muito que os principais fabricantes vêm revelado criações nessa área, o que por estes dias ainda se pode apreciar em Genebra ultrapassa, em larga escala, tudo o que até aqui já se tinha visto em eventos desta importância; não deve haver uma única marca que não tenha, pelo menos, uma versão com estas características, incluindo nomes míticos como a Porsche e até, pasme-se, própria FERRARI com o futuro 599 HYBRID.


Do muito que fica por dizer a propósito deste que é, seguramente, um dos salões automóveis mais concorridos dos últimos anos, não pode deixar de se fazer um destaque muito especial à que é uma das estrelas deste salão: o novo monovolume VW Sharan que será produzido na Autoeuropa em Palmela, garantindo, deste modo, a continuidade de uma das fábricas mais produtivas e com melhores índices de fiabilidade do grupo alemão. Em Portugal!

Conceber modelos simples e económicos a partir de componentes Renault é o que a marca romena tão bem sabe fazer. O DACIA DUSTER é mais um que, certamente, virá fazer mossa no mercado. Todas as características e capacidades de um SUV, com ou sem tracção integral, num automóvel moderno com um preço de arrasar.


Estreia europeia fez o HONDA CR-Z. Este belíssimo coupé híbrido de quatro lugares, tem motor i-VTEC de 1,5 litros acoplado ao sistema IMA e caixa manual de seis velocidades.

Um SUV há muito aguardado, até porque a presente (segunda) geração não dispõe de um design muito apelativo: o Kia Sportage. Com um conceito mais urbano e definitivamente mais desportivo, sacrifica algumas das suas capacidades fora da estrada (é mais baixo e tem uma suspensão orientada para o conforto), em prol de uma condução mais fácil e mais agradável. Novidade são também os motores diesel 1.7 com 115 cv e a gasolina 1.6 com 140 cv, embora estes só cheguem lá mais para o final deste ano. De início estarão disponíveis blocos de 2,0 l, a gasóleo com 136 cv e a gasolina com 163 cv.

Por terras suiças se viu igualmente uma versão quase final do NISSAN LEAF, o modelo eléctrico da marca japonesa que valeu a Portugal a instalação de uma fábrica de baterias em Aveiro.


O MAZDA 5 ganhou linhas mais fluidas e elegantes. O construtor diz ser inteiramente diferente do anterior ao ter como principal preocupação reduzir consumos e emissões. Chega ao mercado depois do verão com uma nova gama de motores que ajudam a cumprir esses objectivos. Portas traseiras deslizantes e sete lugares num interior modelar são características que se mantêm.

Outro debutante que promete partir corações, na linha do Qashqai, é o NISSAN JUKE. Não é uma piada senão chamar-se-ia joke, mas lá que tem uma silhueta bastante divertida não restam dúvidas. Compacto e ágil estará nos stands ao cair das primeiras folhas. Para além desta primeira apresentação pública, os japoneses mostraram mais novidades.

Os franceses estão em força. O RENAULT WIND é um coupé roadster de 2 lugares com inovador sistema de abertura da capota em apenas 12 segundos. Assente na plataforma do Twingo (que se mostrou numa versão especial com a mítica assinatura Gordini), comercializa-se já neste verão.

É não apenas bonito como seguro. O que de resto é apanágio da marca sueca e, por isso, o VOLVO S60 apresenta como novidade um sistema de detecção de peões que acciona os travões automaticamente, caso o condutor não reaja a tempo. Chega durante a segunda metade do ano.


Pelas bandas da Peugeot, não é notícia o facto do 408 ser uma versão “3 volumes” do actual 308. Apresentado anteriormente na China, país onde arranca a sua comercialização, este modelo marca um compasso de espera até à chegada do 508, esse sim, substituto à altura do actual 407. Embora exposto ainda como “concept car”, o futuro 508 foi uma das estreias mundiais do evento suíço e será a primeira berlina familiar, com propulsão híbrida (motores diesel e eléctrico), do construtor francês. Consumo médio de 3,8 l aos 100 km e emissões de 99 g/km de CO2 são o objectivo.

Peugeot 5008 1.6 HDi

Prático e familiar
Não é exactamente um monovolume embora o sugira. Partilha muito com o 3008, distinguindo-se deste ao assumir uma faceta mais familiar. E tem um preço de arromba face ao que oferece!

Ao contrário do que se possa pensar, o 5008 não vem substituir o Peugeot 807. Pelo menos por enquanto, os dois vão coabitar na gama de veículos da marca francesa
Se quisermos ser mais precisos, o 5008 está mais próximo de uma grande carrinha do que de um monovolume, embora proporcione quase todas as funcionalidades deste conceito.
Pode ter cinco ou sete lugares. Os dois extra são um opcional que custa 1000 €, mas, quando estão em uso, praticamente desaparece o espaço da mala. Facilmente escamoteáveis sob o piso e com um acesso igualmente prático, através do engenhoso rebatimento dos bancos laterais da segunda fila, são mais indicados para crianças ou jovens.
A configuração interior é bastante modelar. A fila central, com 3 bancos individuais, corre longitudinalmente sobre calhas. É possível utilizar apenas um dos bancos suplementares deixando assim algum espaço para a bagagem e, se estes não existirem, gera um compartimento suplementar sob o tampo da mala. Em termos de capacidades e espaços, a bagageira do 5008 proporciona 580 ou 679 l, dependendo da posição da segunda fila de assentos. Há ainda dois pequenos lugares, com tampa, aos pés dos ocupantes traseiros e um generoso compartimento refrigerado entre os bancos dianteiros.


Interior luminoso

Tal como o Peugeot 3008, com quem partilha muito da mecânica, do equipamento e do design do habitáculo, o interior do 5008, sobretudo quando dispõe do tejadilho panorâmico em vidro (uma "cortina" rígida e eléctrica protege-o do sol quando for o caso), é bastante luminoso. Em todo o caso, a ampla superfície vidrada lateral e a inclinação do pára-brisas já lhe garante isso. Mais pela posição de condução elevada do que pela configuração do tablier, a sensação é a de que conduzimos um monovolume. No entanto, a configuração exterior, mais esguia e aerodinâmica, e, depois, a forma fácil como se manobra, colocam-no mais próximo de uma carrinha. E não proporciona tanto espaço em altura, ainda que exista mais do que o suficiente.

Surpreende pela boa qualidade dos materiais e dos acabamentos. A Peugeot fez igualmente um excelente trabalho ao dotar o 5008 com muita tecnologia: um bom sistema de som com ligações para imagem e auscultadores por Bluetooth, rádio, CD e leitura de ficheiros MP3, com entradas externas por USB ou SDcard, além de um disco interno com 30 Gb e função "jukebox"; sistema de navegação com painel digital de 7''; um radar que permite ter uma noção da distância temporal ao veículo da frente; a projecção de informações numa placa situada ao nível dos olhos, próximo do pára-brisas; e sensores de estacionamento que aferem a disponibilidade de um espaço vago, entre outras funcionalidades.

Maus consumos

Nos pouco mais de quatro metros e meio de comprimento, o 5008 rentabiliza bem o espaço. Não deslumbra, mas também não constrange, principalmente ao nível da largura dos ombros.
Com uma posição de condução bastante favorável no que toca à visibilidade, o andamento faz-se a bom ritmo. À partida, e escolha de um diesel 1.6 poderia parecer uma solução limitada, mas este HDi com 110 cv dá muito boa conta de si mesmo quando (sobre)carregado. A caixa de seis velocidades desmultiplica-se com mérito e precisão. Só o conforto se ressente ligeiramente por causa da taragem das molas, embora, em termos de insonorização e numa estrada com bom piso, o 5008 se comporte à altura das melhores berlinas familiares.
Com razoável capacidade de manobra e revelando estabilidade quer em velocidade quer em curva, este Peugeot, a exemplo do que também acontece no 3008, não consegue fazer milagres nos consumos. Grande e pesado, fica longe das médias indicadas pelo construtor, reduzindo desse modo a autonomia. Em circuito mais de estrada do que misto, ronda os 7,5 l/100 Km, valor que naturalmente sobe no pára-arranca das grandes urbes.

PREÇO, desde 27200 euros MOTOR, 1560 cc, 110 cv às 4000 rpm, 16 V, 240 Nm às 1750 rpm, turbodiesel de geometria variável, common-rail, filtro de partículas CONSUMOS, 6,5/4,5/5,3 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 140 g/km de CO2

TMN “caça” furtos

Face à crescente onda de criminalidade automóvel, vão surgindo soluções que ajudam a prevenir ou minorar os danos. A mais recente surgiu da maior operadora móvel de Portugal, a TMN e trata-se de um serviço de segurança que permite localizar e bloquear o automóvel, tanto no caso de este ter sido roubado como de ter sido alvo da prática de "carjacking".
Com o equipamento "Car Control" instalado, é possível proceder à localização da viatura e bloquear remotamente a sua ignição. Estas funcionalidades são efectuadas através de um serviço telefónico permanentemente disponível e em constante articulação com as autoridades locais.
Instalado em zona escondida no interior da viatura, dispõe também de um discreto comando de alarme que permite ao condutor alertar, via rede móvel, se estiver a ser vítima de um roubo ou em qualquer outra situação de emergência, como um acidente.
Existe igualmente a possibilidade de receber alarmes, via SMS ou através da Web, sempre que se registar uma tentativa de roubo do carro ou uma eventual tentativa de desactivação do "Car Control".
A aquisição do equipamento e a sua instalação no telemóvel são feitos através da rede TMN e custam 139,90€ ou 234,90€, consoante as funcionalidades que dispõem. No primeiro caso, o serviço base, tem uma subscrição de 9,99 euros/mês e proporciona uma localização aproximada baseada na rede móvel da TMN e por rádio frequência. No segundo caso, "Plus", a subscrição é 11,99 euros/mês, mas a localização da viatura, em caso de furto, é mais precisa, uma vez que é feita por GPS.

A propósito do caso Toyota

Notícias recentes têm dado conta de vários problemas naquele que é um dos maiores construtores mundiais de automóveis.

Apesar da reputação de qualidade e fiabilidade, vários modelos da Toyota estão a ser chamados aos representantes nacionais para correcção de diversos problemas mecânicos ou relacionados com a segurança.
Como é isto possível e logo neste construtor japonês, interrogam-se os analistas e a maioria dos consumidores?

Pressões externas

Os problemas que afectam a Toyota, alvo até de uma forte reprimenda do governo japonês, têm tido origem, na maioria das vezes, em peças provenientes de fornecedores externos.
Expliquemos melhor.
Desde os primórdios da indústria automóvel, que nenhum construtor fabrica a totalidade de um veículo. Casos evidentes são os pneus, vidros ou borrachas, por exemplo, mas, na realidade, coisas simples como pequenos comandos, ou até complexas como um sistema electrónico de injecção, são geralmente produzidos por outras empresas.
Obviamente que são submetidos a testes e o desenvolvimento de um novo modelo pode levar vários meses, ainda que menos do que há alguns anos, devido à possibilidade de simular muitas situações electronicamente, graças a programas de computador.
Contudo, quase sempre devido a pressões económicas – o risco de perder mercado, para responder rapidamente às novidades da concorrência e até, ponha-se o dedo na ferida, porque o consumidor final exige um preço melhor e há que cortar nos custos –, estes testes são muitas vezes abreviados ou não contemplam cenários que abranjam a totalidade dos mercados onde o carro irá ser comercializado.
Picos de temperatura e amplitudes térmicas elevadas, quantidade de poeiras em suspensão, estradas mais degradadas e o tipo de condução, que difere de povo para povo, são alguns exemplos. Em casos mais extremos, até a probabilidade de animais atravessarem a estrada sem aviso prévio...
Ora na Toyota, uma das situações que está a chamada de carros à oficina, ocorre com os pedais, tanto do acelerador como do travão. Modelos há que, por terem sido construídos em fábricas diferentes, com outros fornecedores, não são afectados.

Imagem da marca

Significa isso que o construtor japonês não tem culpa? Claro que tem! E muita.
Deveria ter acautelado a situação e submetido os seus carros a todos os testes (possíveis e imaginários, quem não se lembra da história do Alce da Mercedes?). Porque serão, ao cabo e ao resto, o seu nome e a sua marca, como responsáveis, os principais prejudicados.
São, como diz o povo, "quem dá a cara".
Para além dos milhões de dólares que será obrigada a desembolsar em indemnizações, os anos que os casos se arrastarão pelos tribunais (sobretudo num dos seus melhores mercados, os EUA), afectará gravemente a imagem, até agora reputada, da marca.
"Marca", mais do que um nome, é principalmente um conceito associado a determinado produto. Responsável por uma emoção. Demora vários anos a construir e tem custos elevados (de marketing) de consolidação e manutenção. A designação comercial de um fabricante, que pode ou não ser o mesmo da marca, é, ainda assim, algo mais mutável.
Abalada a confiança dos consumidores o risco agrava-se. Como bola de neve, pode desencadear uma espécie de "caça" a novos defeitos de fabrico e/ou funcionamento, fazendo surgir novos motivos para pedidos de indemnização.
O exemplo americano é paradigmático: ali, alguns proprietários estão a requerer indemnizações pecuniárias devido à mais que previsível desvalorização dos seus carros.
Problemas sucessivos podem levar à falência de uma marca, originando a ruína do seu construtor. Algo que já aconteceu no passado.
Felizmente que a história nem sempre se repete.

Toyota Prius 1.8 HSD

Incomparável

Até à chegada, já a partir do próximo ano, de viaturas familiares com motores totalmente eléctricos, o Prius é uma das propostas mais próximas em termos de tecnologia. Carro do Ano na Europa em 2005,continua imbatível nos consumos

Eis mais um carro que traz o rótulo "Amigo do Ambiente". E porquê?
Porque anuncia emissões de dióxido de carbono baixas, apenas 89 gramas por km, valor significativamente inferior ao que é anunciado pelos concorrentes mais directos, Honda Insight e Civic Hybrid.
A semelhança com estes fica-se pelo conceito híbrido, que combina um propulsor eléctrico e outro eléctrico alimentado por baterias.
Enquanto a Honda optou por um estilo mais discreto e semelhante à versão convencional do Civic, a Toyota enveredou por um estilo próprio, mais radical e futurista que, verdade seja dita, não caiu logo nas graças dos consumidores.

Mais motor, menos consumo

Face à geração anterior, o Prius de 2009 passa de um motor a gasolina de 1,5 l, para um de 1,8 l, mais potente (+ 27 %) e naturalmente com melhor binário (+ 23%). Mais significativo é que, segundo dados revelados pelo construtor — obviamente obtidos em condições de
circulação optimizadas —, o consumo médio pode ser de 3,9 litros. O que equivale a uma autonomia de 1150 km.
Notável! Mas pouco provável.
No entanto, é verdade que o Prius é um familiar mais poupado do que será de esperar de um com prestações equivalentes. O funcionamento em conjunto dos dois motores dá-lhe potência e binário de uma unidade de dois litros (ou mais), velocidade máxima e poder de aceleração relevantes. Contudo, se enveredarmos por aí, lá se vai o seu objectivo principal: ser poupado nos gastos...

O futuro é aqui

O Prius tem um interior futurista. Como convém, sem chegar a ser radical. Isso torna-o deveras interessante; não faltam pequenos espaços, um deles bem concebido, sob a consola central. A mala cresceu (445 l), tem um fundo duplo deveras funcional. Há bastante espaço para as pernas atrás e o banco traseiro tem largura suficiente para não incomodar. Já em altura, a forma do tejadilho condiciona-o. Nada grave, no entanto.
O concentrado de tecnologia está todo assinalado no painel de bordo digital. Comandos no volante fazem alternar informações sobre consumos, médias efectuadas anteriormente, modo de funcionamento dos motores ou se a condução está a ser mais económica ou mais despesista.
O novo Prius oferece mais possibilidades: através de botões é possível optar por um modo de funcionamento totalmente eléctrico (até 50 km/h e por não mais do que 2 km de distância), o estilo ECO rentabiliza a combinação híbrida em sacrifício das prestações, e o modo PWR, de "power", como o nome sugere, maximiza as prestações, tornando-se indicado para ultrapassagens, por exemplo.

Condução segura

Tal como nas edições anteriores, o Prius fornece muita tecnologia nova e equipamento de segurança, que lhe garantiu as 5 estrelas nos testes de colisão EuroNcap. Acresce um sistema de pré-colisão, que detecta e avisa para prováveis obstáculos, preparando os travões para uma
travagem de emergência e gerando mais tensão sobre os cintos. E a projecção de informações, como a velocidade, no pára-brisas, evita que o condutor tenha que desviar o olhar durante a condução.
Por falar em condução, a primeira impressão, para quem nunca o conduziu, pode resultar estranha. Para começar é automático o que significa apenas dois pedais (enfim, três porque o travão "de mão" acciona-se com o pé, mas para o caso não conta) e um pequeno joystick fazer as vezes de manípulo de velocidade. A ignição é feita pressionando um botão, mas há que prevenir condições para entrar em pleno funcionamento. E, como é silencioso (o motor de propulsão só liga quando o acelerador é pressionado), há que nos habituarmos ao facto.
A visibilidade também não é a melhor e o pequeno volante, bonito e muito desportivo, pode gerar alguma estranheza.

A melhorar

Bem-vindos, condutores, ao século XXI! Com um estilo próprio que lhe garante a excelente fluidez aerodinâmica, esta geração anuncia, como novidade, um tecto solar para fornecer energia ao sistema de ventilação, assegurando, por exemplo, que o interior mantenha uma temperatura aprazível mesmo quando estacionado.
Bonito por dentro, o Prius reflecte alguns plásticos que, ao toque e pelo som, não agradam. Peso e reciclagem podem justificar parte da situação, mas, principalmente em Portugal, onde um carro com estas características custa para cima de 26500 euros, apesar do incentivo fiscal de que beneficia, não abona a seu favor.
Por outro lado, apesar do silencioso no modo eléctrico, em estrada ou em velocidades elevadas, o ruído do motor e da transmissão tornam-se audíveis.

PREÇO, desde 26500 euros MOTOR, 1798 cc, 98 (80) cv às 5200 rpm, Binário máximo 142 (207) Nm às 4000 rpm, 16 V. CONSUMOS, 3,9/3,7/3,9 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 89 g/km de CO2 (entre parênteses valores do motor eléctrico)